por Camilo José Cela
“Quando Albert Camus publicou O estrangeiro e eu publiquei A família de Pascual Duarte, chegou-se ao ponto de se escreverem teses de doutorado sobre nossas influências recíprocas. Mais tarde, quando nos tornamos amigos, divertiamo-nos muito com isso – pois na época em que escrevemos esses romances, não apenas não nos conhecíamos, como também ninguém nos conhecia”.
Fonte: O Correio da Unesco, ano 18, n. 7, jun. 1990 – Ramón Luis Acuña
por Octavio Paz
“Fui convidado a participar, por volta de 1946, de uma homenagem ao poeta Antonio Machado, na Sorbonne. Falei lá e Maria Casares recitou um de meus poemas. Vi na audiência um senhor vestido com uma capa de gabardine. Pensei que fosse um personagem de Hollywood, Bogart... Era Albert Camus. Ele me disse: ‘Concordo com o que disse’. Ficamos amigos. Ora, eu acabara de assistir a O diabo e o bom Deus, de Sartre. Camus acabava de publicar O homem revoltado. Eu o adverti: ‘Sartre vai atacá-lo. Pois esta peça é a justificação da razão do Estado revolucionário... É a deificação da História...’ Camus ficou em dúvida: ‘Você tem razão sobre este ângulo, mas Sartre é, intelectualmente, meu grande amigo. Ele nunca me atacará’. O primeiro ataque, em Les Temps Modernes, não tardou. Telefonei a Maria Casares e perguntei-lhe: ‘E como está Albert?’ Ela me respondeu: ‘Muito mal. Anda pelo apartamento como um touro ferido...”
Fonte: Jornal do Fondo (de Cultura Econômica) (S.Paulo), n.1, ago. 1992
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