por Octavio Paz
“Eu o admirava. Para mim, tinha a sedução um pouco ‘luciferina’ dos heterodoxos. Era simultaneamente poeta e homem de pensamento. Uma tal aliança não é freqüente. Ele me parecia, como direi, na encruzilhada de várias correntes. Via nele o herdeiro dos românticos. Prolongava sua ambição de refazer o mundo, de transformar a poesia em ato de todos os dias. Contudo, separava-me de Breton num ponto: é preciso saber escolher, num determinado momento, entre a obra e a vida. Ele esquecia que, em Baudelaire, o importante está nas Flores do mal, e não nas cartas em que reclama dinheiro de sua mãe”.
Fonte: Jornal do Fondo (de Cultura Econômica) (S.Paulo), n.1, ago. 1992
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