por Aldous Huxley
“Não, jamais o fui muito (influenciado por Joyce). Jamais obtive muita coisa com a leitura de Ulysses. Penso que é um livro extraordinário, mas uma parte muito grande do mesmo consiste em demonstrações um tanto extensas de como não se deve escrever um romance”.
Fonte: COWLEY, Malcolm. Escritores em ação: as famosas entrevistas à Paris Review. R.Janeiro: Paz e Terra, 1968.
por Anthony Burgess
"É importante que se prepare um romance com certa rapidez. Gastar muito tempo com ele, ou deixar grandes intervalos entre uma sessão de escrita e outra, faz com que se perca a unidade do trabalho. Esse é um dos problemas com Ulysses. O fim é diferente do começo. A técnica muda no meio do caminho. Joyce gastou muito tempo no livro... Não me refiro ao fim propramente dito de Ulysses. Digo que a partir do episódio do Ciclope, Joyce decide encompridar os capítulos para fazer o tempo do episódio corresponder ao tempo da atuação. Nesse sentido, o livro não é uma unidade tanto quanto as pessoas gostam de pensar. Compare o episódio de Eólio com o dos Bois do Sol e entenderá o que quero dizer. Talvez o tempo gasto para escrever um livro não seja, realmente, da conta do leitor (Madame Bovary, um livro comparavelmente curto, com certeza levou mais tempo para ser escrito do que a trilogia de José). A questão toda é se o escritor consegue ou não ser a mesma pessoa durante um longo período de tempo, com as mesmas metas e a mesma postura em relação à técnica. Sendo inovador, Ulysses tinha que continuar senda cada vez mais inovador à medida que era escrito, e isso confere a ele uma espécie de desunião. embora teivesse levado muito mais tempo, Finnegans wake, teve sua técnica básica estabelecida muito antes... Joyce somente abriu as portas para seu próprio mundo restrio; seus experimentos serviam só para si. Mas todos os romances são experimentais e Finnegans wake não é um experimento mais espetacular do que, digamos, Prancing nigger ou His monkey life. Acredite se quiser, MF é um esperimento completamente original".
Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
por Ernest Hemingway
"Não foi uma influência direta. Mas naqueles dias, quando as palavras que conhecíamos nos eram interditas, e tínhamos que brigar por uma única palavra, a influência do trabalho de Joyce mudou tudo, e fez com que pudéssemos nos livrar das restrições... Joyce era um grande escritor, e só explicava o que estava fazendo a imbecis. Acreditava que os outros escritores que respeitava eram capazes de entender o que ele fazia no momento em que lessem".
Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
por Guimarães Rosa
"A alquimia do escrever precisa de sangue no coração. Não estão certos, quando me comparam com Joyce. Eleera um homem cerebral, não um alquimista. Para poder ser feiticeiro da palavra, para estudar a alquimia do sangue no coração humano é preciso provir so sertão.
Fonte: LORENZ, Gunter W. Diálogo com a América Latina. S.Paulo: E.P.U., 1973.
por João Cabral de Melo Neto
"(Guimarães Rosa) Tinha o gênio. Um gênio que nem sempre Joyce tinha. Joyce quando inventava uma palavra, essa palavra não parecia irlandesa. Essa palavra parecia cosmopolita. Agora, quando Guimarães Rosa inventava uma palavra, essa palavra parece capira de Minas".
Fonte: 34 Letras, R.Janeiro, nº 3, mar. 1989 - Lana Lage
por Samuel Beckett
"Sabe que quando o conheci, em 1928, Joyce já era um homem doente, e com alguns problemas ou dificuldades de visão. Por isso pediu-me para o ajudar nalguns trabalhos, para lhe fazer pequenas tarefas. Mas não foi o que se chama ou o que poderia chamar-se seu secretário".
Fonte: SARAIVA, Arnaldo. Encontros Des encontros. Porto: Livraria Paisagem, 1973.
por Truman Capote
"Até mesmo, nosso mais extremado desrespeitador de tais leis, era um artífice soberbo; escreveu Ulysses porque pôde escrever Dubliners.
Fonte: Escritores em ação: as famosas entrevistas à Paris Review. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.
por Vladimir Nabokov
"James Joyce não me influenciou de forma alguma. Meu primeiro e breve contato com Ulysses foi por volta de 1920 na Universidade de Cambridge, quando um amigo, Peter Mrozovski, que trouxera um exemplar de Paris, leu para mim, enquanto cominhava para cima e para baixo em meus aposentos, uma ou duas passagens picantes do monólogo de Molly, que, cá entre nós, é o capítulo mais fraco do livro. Só quinze anos mais tarde, quando já estava bem formado como escritor, e relutava em aprender ou desaprender qualquer coisa, li Ulysses e gostei imensamente. Já em relação a Finnegans wake, eu sou indiferente, como o sou a toda literatura regional escrita em dialeto - mesmo que seja o dialeto de um gênio".
Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
por W.H. Auden
"Não sou muito bom em Joyce. Sem dúvida ele é um grande gênio - mas seu trabalho é simplesmente longo demais. Joyce mesmo disse que queria que as pessoas passassem suas vidas sobre o trabalho dele. Para mim, a vida é muito curta, e muito preciosa. Sinto o mesmo em relação a Ulysses. Além disso Finnegans wake não pode ser lido da maneira como se lê normalmente. Você pode tentar, mas não creio que alguém consiga ler esse livro direto até o fim e lembrar-se do que aconteceu".
Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
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