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O quê falam de mim, o quê falo de outros

 

Jorge Amado

     Vamos conhecer Jorge Amado conhecendo um pouco mais sobre a personalidade e sua importância para a literatura brasileira. Numa época em que tanto se procura aprender e ensinar a escrever é salutar conhecer melhor quem é do ramo. E vamos conhecer a partir de outros pontos de vista: o ponto de vista próprio sobre outros, bem como o ponto de vista de outros sobre si próprio. Durante sua longa trajetória, ele passou por diversas fases e foi alvo dos mais diversos comentários e críticas. Assim, a reunião destes depoimentos configura-se num panorama que contribui para dar uma medida mais aproximada da importância do autor e de sua contribuição para a Literatura. Com a nossa coleção de entrevistas foi possível apresentar os depoimentos abaixo. Mas estamos cientes que o levantamento não foi esgotado. Assim, o trabalho deverá ser ampliado com novas informações que obtivermos e com outras recebidas dos leitores. Acreditamos na existência de um razoável público interessado não apenas em resgatar a imagem de Jorge Amado, mas de colocá-lo em seu devido patamar no âmbito da literatura nacional. Solicitamos aos interessados em colaborar com o levantamento, não esquecer de incluir a fonte (veículo, local e data) da informação.        

 

                             

O quê falam de mim

 

Adolfo Bioy Casares

Bem, sempre volto a Jorge Amado, de quem gosto muito. É que, quando gosto muito de um escritor, e ele está vivo, em geral, sou amigo dele.

Fonte: Roda Viva. TV Cultura. S.Paulo. 28/08/195

Albert Camus

"Um livro magnífico e prodigioso. Se é verdade que o romance é antes de tudo ação, esse é um modelo do gênero. E nele se lê claramente o que pode haver de fecundo em uma certa barbárie livremente consentida. Pode ser instrutivo para todos ler Bahia de todos os santos ao mesmo tempo, por exemplo que o último romance de Giradoux, Choix des élus (Escolha dos eleitos). Porque esse último figura numa certa tradição de nossa literatura atual, que se especializou no gênero 'produto superior da civilização'. Desse ponto de vista, a comparação com Amado é decisiva. Poucos livros se afastam tanto dos jogos gratuitos da inteligência. Vejo nele ao contrário uma utilização emocionante dos temas folhetinescos, um abandono à vida no que ela tem de excessivo e desmesurado. Da mesma forma que a natureza não teme de quando em quando o gênero 'cartão-postal', assim as situações humanas são frequentemente convencionais. e uma situação convencional é própria das grandes obras... E o livro inteiro é escrito como uma série de gritos e melopéias, de avanços e retornos. A ele, nada é indiferente. Mais uma vez, os romancistas americanos nos fazem sentir o vazio e o artifício de nossa literatura romanesca. Uma última palavra: Jorge tinha 23 anos quando publicou este livro. Ele foi expulso do Brasil por tê-lo vivido antes de tê-lo escrito".

Fonte: Alber Republicain, 09/04/1939 e republicado (na época) pela Folha da Manhã, repulbicado agora pela Folha de São Paulo, 07/08/2001.

Alceu Amoroso Lima

"Pois o aspecto mais surpreendente deste pináculo da novelística de Jorge Amado é o intenso sopro de poesia que a percorre, do princípio ao fim".

Fonte: BLOCH. Pedro. Pedro Bloch entrevista. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1989.

Alcione Araújo

"Posso falar com certa uma certa isenção porque não sou baiano. Considerava Jorge Amado um exraordinário romancista, mas um escritor limitado. ele despertou o interesse do brasileiro pela literatura com sua rara capacidade de fabulação. Ainda que sua obra seja muito regional, ela se univeralizou".

Fonte: Jornal do Brasil, 07/08/2001

Alfredo Bosi

"Jorge Amado consegue dar de tudo um pouco ao leitor curioso e glutão: pieguice e volúpia em vez de paixão, estereótipos em vez de trato orgânico dos conflitos sociais, tipos folclóricos em vez de pessoas".

Fonte: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970.

Alice Raillard

"Ao escrever estas linhas para evocar Jorge Amado, eu sinto a mesma emoção e a mesma dificuldade de quase uma década atrás, quando tentava compor seu retrato no livro Conversations. As imagens surgem, algumas nítidas, destacadas, outras sobrepostas a elas, envolvendo diferentes tempos e lugares. As mais antigas se referem a 1960, no Rio de Janeiro. 'Tudo que eu sabia sobre o Brasil havia lido em Gabriela', escreve Simone de Beauvoir em suas Memórias, falando da viagem de dois meses que fez pelo Brasil com Jean-Paul Sartre, tendo Jorge Amado como apresentador e cicerone, junto com Zélia Gattai. Sempre ao lado delee, Jorge organizou vários encontros, que rapidamente se tomavam o aspecto de debates políticos, no decorrer dos quais Sartre se posicionava contra o colonialismo e a guerra  da Argélia. Anos depois, creio que em janeiro de 1983, eu reecontraria no Centro Pompidou em Paris a mesma atmosfera, a mesma multidão eletrizada, por ocasião de um encontro de Jorge Amado com seus leitores que me haviam incumbido de 'dirigir'".

Fonte: Cadernos de Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

Amos Oz

Se o senhor tivesse que escolher um escritor brasileiro para fazer parte desse livro, quem seria?

Amós Oz: Jorge Amado.

Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultura, 05/07/2007

Anibal Machado

O Congresso dos Escritores, de 1945, foi organizado pela esquerda, comunistas e não-comunistas. Também participaram as forças liberais, grupos liberais democráticos. O Congresso estava tão dividido que foi difícil até escolher seu prosidente. Afinal foi escolhido Aníbal Machado ,quetinha simpatias comunistas sem ser militante, um homem respeitado e estimado por todos, escritor degrande qualidade. Hoje está um pouco esquecido, injustamente, poi foi um dos melhores contistas do nosso país. Personalidade extraordinária, um amigo que eu adorava. Era afável, aberto. Sua casa era um centro de cultura, todo mundo ia para lá, intelectuais, artistas".

Fonte:RAILLARD. Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.  

Antonio Callado

"Jorge é um homem muito amigo das pessoas, padece de amor ao gênero humano. Sofreu as consequências de uma posição muito clara".

Fonte: LUCENA, Suênio Campos de. 21 escritores braseileiros: uma viagem ente mitos e motes. Sâo Paulo: Escrituras, 2001.

Antonio Cândido

"Para mim pessoalmente, a morte de Jorge Amado me faz lembrar de minha adolescência, dos anos de 1933, 34, 35 em que nós recebiamos os livros dele como grandes revelações do Brasil que ignorávamos".

Fonte: O Globo, 07/08/2001

Antonio Carlos Magalhães

"Perde o Brasil o seu maior escritor, e eu, um amigo que sempre me estimulou e aconselhou nas poucas coisas boas que eu fiz. A Bahia e o Brasil hão de reconhecer por muitos anos a figura de Jorge Amado, aquele que mais bem interpretou os sentimentos do povo brasileiro em seus romances que correram o mundo".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

"Ninguém se confunde tanto com a Bahia como a figura d Jorge Amado. Ao completar 85 anos, os baianos agradecem ao Senhor do Bomfim a existência de Jorge Amado, toda ela voltada para a literatura e identificada com as raízes de sua terra. É o escritor da Bahia, é o romancista do Brasil, é o homem das letras respeitado no mundo inteiro".

Fonte: Folha de São Paulo, 08/08/1997

Antonio Olinto

"O Brasil perdeu com a morte de Jorge Amado aquele inventava a sua realidade".

Fonte: Jornal do Brasil, 07/08/2001

Antonio Risério

"Diversas coisas me levam a discursar contra o autor de 'Mar morto": as ligações de Jorge com o que eu achava que era o que havia de pior na esquerda brasileira, sua defesa do stalinismo, seus excessos de baianismo, sua literatura pouco ou nada rigorosa para um leitor educado em Lorca, Joyce, Pound, Rosa e poesia concreta, seu gosto pela "política literária", sua facilidade para fazer concessões, seus elogios indiscriminados, às vezes cobrindo de belas palavras um punhado de canalhas, cretinos, cafajestes e subliteratos nascido na Bahia, ou fora dela. Mantenho até hoje, no essencial, essas restrições - e Jorge sabia disso. Mas fui aprendendo a admirá-lo, no plano pessoal, e a me abrir para a sedução de sua narrativa. Há motivos e muitos. Jorge, aliás, era um bom crítico de si mesmo. boa parte das críticas feitas à sua obra coincidem com (ou repetem) o que ele dizia de si próprio. Jorge sabia (e declarava publicamente) que não era um intelectual, um escritor culto, uma ártificie da prosa estética, um homem que tinha o domínio rosiano ou cabralino da palavra. Pelo contrário, era um narrador à solta, muitas vezes desleixado, escrevendo de um modo oleoso e esparramado como as ondas gordas da Bahia de todos os Santos. Era um contador de histórias, como gostava de dizer, deixando o texto escorrer à vontade, alheio às exigências de um verdadeiro artesanato linguístico".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Antonio Torres

"Em 1972, quando fiz minha estréia com Um cão uivando para a lua, saia ao mesmo tempo Tereza Batista cansada de guerra. Um dia, cheguei em casa e vi um embrulho de presente com meu próprio livro. Era Jorge Amado que havia comprado, mandado embrulhar para presente e me enviou para eu autografar. Acho que isso ilustra bem o homem profundamente generoso. Ele pautou a sua vida assim, com um olhar para o outro. Por isso foi grande".

Fonte: Jornal do Brasil, 07/08/2001

Arnaldo Niskier

Foi a pessoa que colocou o Brasil lá fora antes mesmo do Pelé. Se o Pelé foi o rei da bola, Jorge foi o rei da literatura. Eu, como fã incondicional e amigo, fico triste porque ele não recebeu o Prêmio Nobel.  A Academia indicou o nome várias vezes. Mas para nós brasileiros, Jorge Amado é Prêmio Nobel e está acabado. Se hoje ele alcança a verdadeira imortalidade, ele vai com esse título".

Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2001

Autran Dourado

"Acredito que sim (que houve uma queda de nível). Não gosto de julgar, mas acho que ele afrouxou um pouco depois de Terras do sem fim".

Fonte: LUCENA, Suênio Campos de. Os escritores brasileiros: uma viagem entre mitos e motes. São Paulo: Escrituras, 2001.

Cabrera Infante

“Gostaria de ter visto Jorge Amado recebendo o Prêmio Nobel de Literatura neste ano. Sempre estou disposto a perdoar os excessos quando são em nome de uma literatura agradável, alegre. Gosto de Dona Flor e seus dois maridos – e sou alérgico a uma literatura ‘séria’. Hoje, cada vez menos escritores praticam a literatura que me agrada”.

Cacá Diegues

"A morte de Jorge Amado é o Brasil inteiro que morre junto; uma maneira de ver, de se comportar - um Brasil cordial, generoso, solidário. A obra dele não é só a transcrição de alguma coisa, mas também uma utopia, um projeto de Brasil. Na minha opinião, todos viemos de Jorge Amado. Estou muito triste porque, além disso, era um grande amigo que não vou mais ver".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Caetano Veloso

Dedico a canção Leãozinho ao grande cidadão da Bahia que acaba de falecer. Era um ser de grande luz. Uma vez, numa entrevista para o Pasquim, ele me disse que infeliz ou felizmente não acreditava no candomblé porque era materialista, mas já tinha visto o candomblé fazer muita coisa. Eram os milagres do povo. Foi por isso que dei esse nome à canção feita para a minissérie Tenda dos milagres".

Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2001

Carlinhos Brown

A literatura mundial perde a referência de um Brasil sem caricaturas, de alguém que descrevia com genialidade o povo brasileiro. Escreveu sobre a cultura da Bahia sem folclorizar. Uma vez fui tomar sua benção , beijar sua mão numa rua em Paris. Ele disse: 'Não, não, não faça isso'. Ele dizia que me observava, fazia essa reverência. Jorge Amado para nós é a tradição oral, cada um diz uma frase. Estamos acostumados com a oralidade dele nas ruas".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Carlos Heitor Cony

"Assim como Machado de Assis preencheu a literatura brasileirano século 19, Jorge Amado fez o mesmo no século 20. Perdi uma pessoa muito, muito amada".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

"Jorge Amado foi um dos amigos que eu tive, um homem que sempre tentou me colocar na Academia, até que conseguiu - o último voto que ele deu foi para mim, uma honra muito grande. Tínhamos juntos, uma relação de molecagem. Riamos muito e nos entedíamos bem porque tínhamos a mesma noção picaresca da aventura humana... Tolstoi e Dostoievski, que na sua época foram acusados de serem populares demais. Jorge Amado também foi popular, mas seu mundo ficcional é válido e vai ficar".

Fonte: O Globo, 08/08/2002

Carybé

Nem sei dizer quantas coisas boas eu desejo ao amigo Jorge iAmado. Talvez, que ele seja felizpor muitos anos e que leve à frente a bandeira da liberdade e do amor à vida como sempre fez. Não conheço ninguém que ame a vida e que transmita esse sentimento a milhões de leitores como Jorge Amado. Sua literatura é das mais alegres, feita do sol, de mar, de bom humor e de amor. Tê-lo como amigo e poder conversar com ele é como tomar um aperitivo ou um comprimido para ter alegria".

Fonte: Folha de São Paulo, 08/08/1997

Celso Furtado

"Quiseram as circuntâncias que me caiba ocupar nesta Casa a cadeira de Jorge Amado, o que me cria indisfarçável embaraço, pois não sou exatamente aquilo que tradicionalmente se entende por um homem de letras. Jorge Amado é, no meu parecer, o mais ilustre homem de letras brasileiro de minha geração".

Fonte: Cadernos de Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

Darcy Ribeiro

“Jorge Amado foi o grande educador do Brasil. Os críticos literários de São Paulo têm implicância com ele. Mas ninguém ensinou, como Jorge Amado, como é bom trepar com preto, como é bom ser menino na Bahia, como é a luta da canalha dos donos do cacau com o povo, como são as putas do cacaual”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/1996 – Roberta Jansen  

Dias Gomes

"As peças teatrais poderiam ter sido censuradas pelo partido se eu submetesse, como muita gente submeteu. Eu sei de caso até do Jorge Amado, por exemplo, que submetia os romances ao partido".

Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultura, 12/06/1995

Dorival Caymmi

"Jorge Amado é um amigo leal e estimado. Tenho por ele uma admiração de leitor e de amigo desde 1938, quando nos conhecemos no Rio de Janeiro. Jorge sempre foi um bom companheiro e um cidadão consciente de suas obrigações. Como militante político, seu comportamento sempre foi corajoso e admirável. Como amigo, ele é contagiante. Consegue ser alegre, apreciador de anedotas e, ao mesmo  tempo, sério e austero. Apesar de não nos encontrarmos com a frequência de antes, continuo gostando dele e da minha comadre Zélia com o mesmo carinho dos anos 40, quando Jorge me pedia para cantar "Acontece que eu sou baiano" para sua amada, então sua namorada Zélia, uma mulher linda e corajosa. Em seu aniversário, gostaria de lembrá-lo de que o nosso caso também é um caso de amor".

Fonte: Folha de São Paulo, 08/08/1997

Eduardo de Assis Duarte

"Presente na literatura brasileira há 66 anos, a obra  de Jorge Amado experimenta um processo de reavaliação por parte da crítica universitária, sendo objeto de pesquisas, teses, ensaios e discussoões em congressos internacionais. Tal interesse chega em boa hora e contribui para quitar parte da dívida da inteligentsia brasileira para com nosso escritor mais lido e traduzido".

Fonte: Cadernos de Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

Eduardo Portella

"Perco um amigo. Jorge era o narador do imaginário popular brasileiro. Com ele acaba o grande escritor cívico, aquele que entregou a sua biografia à cidadania, o militante da esperança. Ele acreditava na virtude do ato de escrever. É o fim da era do escritor virtuoso e o começo da era do escritor virtual".

Fonte: O Globo, 07/08/2001

Eric Nepomuceno

"Dizem os amigos que, dois palmos abaixo de sua cabeleira de neve, Jorge Amado guarda um arsenal de vida e memórias: um coração grande como um velho barco".

Fonte: Revista "Nossa América" S.Paulo, nº 1, 1994

Érico Veríssimo

"Jubiabá me surpreendeu. Eu o li com a mesma delícia com que leio os melhores autores norte-americanos, ingleses, franceses e alemães. Se eu tivesse engenho e arte havia de escrever o a-bê-cê de Jorge Amado, um sujeito magro de olhos de chinês, que nasceu na Bahia, foi rebelde, fugiu de casa, viu a vida e viveu-a com ânsia; um sujeito que ama os humildes e os oprimidos e que, aos 23 anos, é um dos maiores romancistas que o Brasil já tem".

Fonte: BLOCH. Pedro. Pedro Bloch entrevista. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1989.

Fábio Lucas

A despeito de seu engajamento, a obra de Jorge Amado é polifônica, reúne várias proposições ideológicas e reivindicações sociais. Prolonga um projeto de identidade nacional que veio se construindo desde os árcades mineiros, atravessou o nosso romantismo, inspirou o realismo e teve súbita interrupção com o movimento modernista".

Fonte: Cadernos da Literatura Btrasileira, nº 3, mar.1997

Fernando Faro

"Fiz um program na Record chamado O homem e seu tempo, com Oscar Niemaye, muita gente. Entre eles Jorge Amado. Ele era uma coisa incrivelmente doce, um prato baiano. Minha carreira nos livros começou com esse pessoal, ele, José Lins do Rego... Jorge foi quem me abriu o caminho para a leitura. É uma perda terrível. É alguém arquitetando coisas ruins lá em cima, querem acabar com meu mundo".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Fernando Henrique Cardoso

O Brasil perdeu hoje um de seus maiores intérpretes. O legado de Jorge Amado transcende uma obra que, por sua riqueza e densidade, é o exemplo vivo do que pode o espírito humano em suas mais elevadas criações. Os personagens que criou se tornaram tão ou mais conhecidos que seu autor. Que maior glória ter um escritor? A língua de Jorge Amado é um português que seduz todos os cinco sentidos, cheio de cores, sons, perfumes, sabores e texturas. A lição que ele nos deixa é a de um combatente, de alguém que sempre esteve a fovor da justiça, ao lado dos oprimidos. Um criador que teve a coragem de pintar o Brasil em suas cores reais para, a partir delas, propor sua utopia. O Brasil perde hoje esse homem. Seu legado, entretanto, é a herança de que nos orgulhamos todos. Jorge, sentiremos sua falta".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Francisco Weffort

"Jorge Amado foi um grande educador da juventude brasileira. Não é por acaso que ele tem um grande êxito de público. Ele realmente tinha a intenção de contar histórias que o jovem pudesse ler - e o público em geral, não necessariamente o erudito. Seus livros cumpriram uma função de introdução do jovem estudante brasileiro no reconhecimento da realidade do país. Sinto pessoalmente, porque me iniciei na literatura brasileira por meio de Machado, com Dom Casmurro, e de Jorge, com Jubiabá".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Gabriel García Márquez

"Jorge, quando um escritor latino-americano chega a certa idade, se tem juízo, deve fazer o que fizeste: comprar um apartamento em Paris. Dá-me o endereço e o telefone".

Fonte: O Globo, 07/08/2001

Gal Costa

"É uma perda enorme para o mundo. Seus personagens sempre retrataram com fidelidade a alma do povo brasileiro. Deixo minha eterna saudade ao criador de tantos personagens maravilhosos a que minha voz teve o privilégio de dar vida".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/8/2001

Graciliano Ramos

"Jorge Amado embirra com os heróis. Acha, por isso, que, em Suor, o personagem principal é o prédio. História! Não é muito difícil emprestar qualidades humanas a um gato, a uma cobra, a um rato. Já houve qente tinhuem humanizasse até formigas".

Fonte: BLOCH. Pedro. Pedro Bloch entrevista. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1989.

Guimarães Rosa

"Sem dúvida, ele também é um ideólogo; mas sua ideologia me é mais simpática que a de Asturias. Asturias tem algo do distanciamento incorruptível de um sumo-sacerdote; sempre enuncia novos dez mandamentos. Isto é admirável, mas não encanta. As palavras de Asturias são palavras de um pai, de um patriarca que emite sentenças no sentido do Antigo Testamento. Amado é um sonhador, e sem dúvida alguma um ideólogo, mas adota a ideologia do conto de fadas com suas normas de justiça e expiação. Amado é um menino que ainda crê no Bem, na vitória do Bem; defende a ideologia menos ideológica e mais amável que já conheci. Asturias é a poderosa voz do juízo final. Amado vai dando pinceladas a mais não poder, e certamente quer mandar ao diabo muitas coisas, mas o faz de forma tão encantadora, que nos convence com maior razão. Asturias se expressa com palavras de ferro.

Fonte: LORENZ, Gunter W. Diálogo com a América Latina. S.Paulo: E.P.U., 1973

Haroldo de Campos

Para mim, o que há de mais siginificativo na obra de Jorge Amado é sua notável capacidade como contador de histórias, a sua imaginação fubular sempre capaz de engendrar novos enredos. Ele sempre conseguiu pontilhar sua narrativa de traços metafóricos, deum cunho lírico que percorre e dá graça a seus textos".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Ilya Ehrenburg

"Os milhares de elos que o ligam aos homens, aos seus sofrimentos, às suas esperanças, à sua luta, o ajudam a escrever, tornam sua literatura uma grande literatura a serviço do povo e do ser humano".

Fonte: BLOCH. Pedro. Pedro Bloch entrevista. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1989.

"Quanto a Ehrenburg, era um amigo de quem eu gostava profundamente. Ele diz em suas Memórias que sabe que existe alguém no mundo que, se o acusassem de uma má ação, de uma vilania, diria que não é verdade. este alguém sou eu. Enrenburg foi um homem formidável".

Fonte: RAILLARD. Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.  

Jack Lang (ex-Ministro da Cultura da França)

"São 15 anos de encontros e contatos sucessivos. Encontramo-nos em Paris, na minha casa, em reuniões, congressos intelectuais. Também encontramos Mitterrand juntos. Há pouco tempo, fui novamente à Bahia, com Zélia e Jorge Amado, quando conheci outras cidades. Ele é um grande escrito, um dos gigantes, não só da literatura latino-americana, mas mundial... Não é normal que ele não tenha recebido o Prêmio Nobel, mas isso não tem muita importância. Ele é mais que um prêmio. Para mim, Jorge Amado seria Nobel da Literatura e da Paz, por sua bondade, amizade e fraternidade".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

João Antonio

"Nâo, não tenho medo de chegar a TV. Pelo seguinte: quanto puder vou lutar para fazer a minha coisa bem feita ,eu vou acompanhar, vou seguir. Eu não posso admitir aquilo que Jorge Amado fez, me desculpe, foi dizer 'eu não entendo de novelas, novelas é com a televisão'. Eu não entendo nem de eletricidade, quanto mais de TV, mas eu vou acompanhar Malagueta, se achar que há uma distorção, uma transformação, eu falo na hora 'não é nada disso, não'. Há uma possibilidade de convívio entre a TV e o escritor, desde que se dê ao respeito".

Fonte: Ex-, nº 12 jul. 1975 - Hamilton de Almeida Filho

João Cabral de Melo Neto

“Claro que se o Nobel viesse seria bem-vindo. Nenhum escritor de nossa língua foi até hoje contemplado com esse prêmio. Mas, se fosse para dar o Nobel para um autor que escreve em português, haveria outros nomes que mereceriam o prêmio mais do que eu. José Saramago, por exemplo. Aqui também temos candidatos mais fortes do que eu, como o Jorge Amado”.

Fonte: Veja, 09/09/1992 – Rinaldo Gama

João Alexandre Barbosa

"Ele configurou melhor a figura do escritor brasileiro, em âmbito nacional e internacional. Foi um dos poucos escritores que puderam viver exclusivamente de literatura, e isso é fundamental. foi essencial para o regionalismo dos anos 30, com seus romances o ciclo do cacau. É Sempre terrível quando um escritor morre. Felizmente, ele morre tendo cumprido sua obra, o que diminui a dor de sua perda".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

João Ubaldo Ribeiro

"Devemos a Jorge Amado a abertura da consciência literária no Brasil. Ele foi um pioneiro cheio de esplendor e obstinação. é um homem indisssociavlemente ligado não somente à história da literatura, mas também à cultura brasileira. Foi escolhido pelas fadas, ou por quem quer que seja. Jorge Amado atravessou toda a literatura brasileira, praticamente desde a Semana de Arte Moderna, e atravessou-a com uma obsessão que, pode-se dizer, chega a ser sublime, o sentimento de uma missão . De forma incrível. Ele ajudou a conduzir o Brasil dentro da modernidade."

Fonte: RAILLARD. Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.  

"É absolutamente inquestionável que obra de Jorge Amado tem uma enorme importância para a língua portuguesa. Fico contente com mais um aniversário desse amigo. Sinto-me ligado a ele como um parente. Toda a minha família o adora".

Fonte: Folha de São Paulo, 08/08/1997

"Estou muito atarantado para falar sobre isso. Foi um amigo muito grande, muito próximo. Estou ocupado pensando em ir para a Bahia o mais cedo possível. Não dá para organizar nenhum pensamento agora".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/07/2001

Joel Rufino

"Nunca entrou nas Faculdades de Letras: pior para elas. Nunca saiu do coração do povo: melhor para todos nós. Deixa um clássico: Terras do sem fim".

Joel Silveira

“Jorge Amado tornou-me, sem querer, colaborador do Eixo... Ele era editor do jornal Meio Dia, de orientação nazista porque a época era do pacto germano soviético. E passei a escrever entre 1939 e 1940 para o suplemento literário. Isso vai constar do meu segundo volume de memórias, mas posso adiantar. Meio Dia era um jornal de 30 mil exemplares circulando diariamente entre Rio e  São Paulo. Vivíamos uma ditadura fascista no Estado Novo, tudo bem, mas nada justifica a cegueira... Fui amigo do Jorge, mas ele teve um lapso de memória em Navegação de cabotagem, esqueceu-se do tal jornal pró-Hitler. A esquerda, por determinação de Moscou e Stalin apoiava Hitler. Falo, por exemplo de Oswald de Andrade. Tomei horror ao Jorge.. Numa de suas manchetes, Meio Dia noticiava, com o retrato de Hitler, uma batalha entre ingleses e franceses assim: ‘Em triunfo, Berlim receberá hoje o reformador da Europa’. O jornal acabou apedrejado no centro do Rio e fechou em 1942, antes do fim da Guerra”

Fonte: O Estado de São Paulo, 19/12/1998 – Norma Couri      

José Castello

"Não importa que a Bahia seja ou deixe se ser; importam, sim, as imagens com que a literatura a encobriu. A Bahia, com seu véu exótico, é noiva de Amado. ele criou uma obra monumento, que pulou dos livros para ocupar seu lugar. Jorge Amado, assim como Oscar Niemayer com seus grandes vãos de cimento e vidro, assim como Pelé com seus dribles, assim como Gilberto Freyre com suas teorias da senzala, assim como Ayrton Senna com seu desamparo, ajudou a criar a embalagem do Brasil contemporâneo. Nós vivemos, hoje, mesmo se não gostarmos disso e ainda que não aceitemos que as coisas se passem assim, em um pais amadiano. Quando se fala do estilo de Jorge Amado, já não falamos apenas de uma literatura, de um atributo literário, mas de algo que ultrpassou as páginas dos romances para se espalhar pela vida brasileira".

Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2001

José Lins do Rego

"Jubiabá é um livro de não depende do leitor e sim que faz o leitor depender dele, desde a primeira à última página. Absorvente, intenso".

Fonte: BLOCH. Pedro. Pedro Bloch entrevista. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1989.

José Mindlin

"É dificil fugir do óbvio. Teve uma vida extraordinária, de aventura e produção literária, com grande convivência de esquerdismo no país. Eu não tinha muito contato pessoal, encontrei-me com ele poucas vezes. Gostava muito dos livros dele, daqueles problemas do Nordeste. Quincas Berro d´Água é um obra que vai ficar na literatura brasileira".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

José Paulo Paes

"Li Cacau pela primeira vez no começo da adolescência; foi por seu intermédio que descobri então poder a literatura ser, mais do que veículo de entretenimento, uma via privilegiada de descoberta do mundo; no caso, especialmente, da realidade brasileira."

Fonte: Cadernos de Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

José Saramago

"O que dizer sobre a morte de Jorge Amado? Morre um grande escritor de língua portuguesa e também um grande escritor universal. Ninguém tem dúvida do significado dessa perda para vocês brasileiros, que se estende para nós portugueses e para todos os países da comunidade que fala o português. Uma perda que será sentida em toda parte, pois como é do conhecimento geral, a obra de Jorge Amado foi publicada em inúmeros países do mundo e, se já não o temos nós, vamos continuar a tê-la. É natural que o Brasil chore a seua perda. Não me surpreenderia se governo brasileiro determinasse luto nacional, um luto que eu penso que deveria ser estendido a todos os países de língua portuguesa. A morte de Jorge Amado é a morte de um grande escritor e de um grande homem. Uma pessoa de grande generosidade, com um cuidado para o trabalho, que assim conheci. Para nós, as pessoas que vivem nesta casa, eu e minha esposa, sentimos ser um grande desgosto a sua morte.

Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2001

"Durante muitos anos Jorge Amado quis e soube ser a voz, o sentido e a alegria do Brasil. Poucas vezes um escritor terá conseguido tornar-se, tanto como ele, o espelho e o retrato de um povo inteiro. Uma parte importante do mundo leitor estrangeiro começou a conhecer o Brasil quando começou a ler Jorge Amado. E para muita gente foi uma surpresa descobrir nos livros de Jorge Amado, com a mais transparente das evidências, a complexa heterogeneidade, não só racial, mas cultural da sociedade brasileira.   A generalizada e estereotipada visão de que o Brasil seria reduzível à soma mecânica das populações brancas, negras, mulatas e índias, perspectiva essa que, em todo caso, já vinha sendo progressivamente corrigida, ainda de que de maneira desigual, pelas dinâmicas do desenvolvimento nos múltiplos sectores e actividades sociais do país, recebeu, com a obra de Jorge Amado, o mais solene e ao mesmo tempo aprazível desmentido.   Não ignorávamos a emigração portuguesa histórica nem, em diferente escala e em épocas diferentes, a alemã e a italiana, mas foi Jorge Amado quem veio pôr-nos diante dos olhos o pouco que sabíamos sobre a matéria. O leque étnico que refrescava a terra brasileira era muito mais rico e diversificado do que as percepções europeias, sempre contaminadas pelos hábitos selectivos do colonialismo, pretendiam dar a entender.    Diz-se que pelo dedo se conhece o gigante. Aí está, pois, o dedo do gigante, o dedo de Jorge Amado".  

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,confira-na-integra-texto-de-jose-saramago-sobre-jorge-amado,136606,0.htm

José Sarney

"Sua obra retrata a alma do povo mais simples, as nossas coisas melhores. A obra dele fazia parte da obra de Deus. Ele criou mundos, palavras e emoções".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

José Wilker

"A coisa mais difícil é dar um depoimento assim. A única coisa que eu posso dizer é que o Brasil perdeu uma pessoa com extraordinário senso de humor, capaz de rir de tudo, por todas as razões do mundo. Deve ter morrido rindo".

Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2001

Lilia Moritz Schwarcz

"Jorge Amado nunca quiz ser antropólogo, mas sempre o foi sem querer. Suas personagens são pessoas das ruas de Salvador, a Bahia que descreveu foi aquela que o pintor Carybé encontrou um Jubiabá (1935) e se deixou ficar; o mundo que criou na verdade já nasceu criado".

Fonte: O Estado de São Paulo,07/08/2001

Luciana Stegagno

“Curioso como os intelectuais e escritores brasileiros sempre o esnobaram. Tanto por razões literárias quanto por motivos ideológicos, porque sua literatura já não era considerada suficientemente de esquerda. Logo ele, que tinha realmente sonhado a sociedade operária, utilizando-a como tema na sua literatura, tinha sido punido com a cadeia, com o exílio. Tinha dado provas suficientes de engajamento, mas não podia ficar a vida inteira contando a mesma história. E, afinal, na sua chamada segunda fase, ele conseguiu contar histórias da Bahia de um modo que fez sonhar o mundo inteiro. Um Brasil que   não existe mais e talvez nunca tenha existido”.

Fonte: República (S.Paulo), junho de 2000 – Elisa Byington      

Lygia Fagundes Telles

"Há escritores que eu amo, há escritores que eu admiro. Jorge Amado eu amava e admirava".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Olga Savary

" Há homens que, de tão delicados, escrevem como mulheres. E mulheres que, por sua vez, escrevem como homens. O Jorge Amado, em 1974, para me elogiar, disse que eu escrevia como homem, mas eu o corrigi: “Não escrevo como homem, mas como uma mulher forte, sem melindres”. Ele falou com a melhor das intenções, mas achei bom reforçar que a mulher pode, sim, ser vigorosa".

Fonte: revista Marie Claire, nº ? de 16/06/2011

Oswald de Andrade

"Dá vontade de permancecer. Dá vontade de pegar a viola e cantar. É tal a força sugestiva desse novo Castro Alves que a Bahia criou que o Brasil homérico nele se espreguiça e modorra como numa manhã do dilúvio... Nunca, em minha toda minha vida de meio século, fidelidade nenhuma ia me prender como essa àquele adolescente que se chamava Jorge Amado... E dessa criança que tinha escrito um livro - O país do caranaval - broto uma tão tenaz e efusiva assistência a tudo que eu fazia que agradeci ao destino dirigido (dirigido sobretudo pela economia) à ingratidão de seleta dos meus antigos comensais... Confesso e deixo público que, se alguma coisa pode constituir honra para mim, é essa de ter sido colocado por um júri capaz ao lado de Jorge Amado e ver o primeiro volume de Marco zero ter sido indicado com Terras do sem fim para representar o Brasil num certame literário estrangeiro... Jorge Amado realiza poderosamente sua ascenção anunciada em Suor, magistralmente erguida em Jubiabá. Eu já disse - ele é Casto Alves".

Fonte: Folha da Manhã, 26/10/1943

Marco Aurélio de Mello

É o romancista que mais divulgou a alma do povo brasileiro, revelando com tintas fortes as desigualdades sociais e tendo sido no século 20 o maior embaixador da cultura brasileira".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Maria Bethânia

"Ele era um grande amigo. Levou a nossa história para o mundo. Ainda bem que ele deixou as palavras eternas".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Maria Clara Machado

"É uma personalidade; foi ela quem criou o teatro infantil no Brasil. Quando o presidente Sarney pensou em dar a uma mulher a cargo de ministro da cultura , ele pensou em Fernanda Montenegro, em Zélia, e eu lhe disse que Maria Clara Machado me parecia a pessoa certa para o cargo".

Fonte: RAILLARD. Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.  

Mário de Andrade

"Seu Jorge, doutor em romance. 'Acaba de se doutorar em romance o jovem Jorge Amado, grande promessa de nosso mundo intelectual', diz o pequeno jornalzinho de província que trago no coração. Só lhe posso dizer banalidades sobre o 'Mar morto', seu Jorge. Salientar o seu caso, por exemplo, Porque você é o tipo de escritor verdadeiro, que é fatalmente escritor, e que por isso mesmo foi subindo, foi subindo. Calouro no 'País das Carnaúbas' e no 'Cacau', já inteiramente no 'Suor', diplomado com distinção em 'Jubiabá', e já agora doutor completamente em 'Mar Morto'. Seu primeiro livro não é o melhor livro de você! Que milagre e que bom exemplo neste Brasil..."

Fonte: Carta de Mário de Andrade, de 20/08/1930 á Jorge Amado, publicada nos Cadernos de Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

 

"Não sei se você consegue perceber que no fundo seu livro me interessou muito. Mais você que o livro aliás... Conforme a idade, lhe garanto que você pode ir longe. Mas não como um Jorge Amado, pouco trabalho, ignorância muita, criação de sobra. Você tem de trabalhar dia por dia. Como um Machado de Assis".

Fonte: SABINO, Fernando. Cartas a um jovem escritor e suas respostas. Rio de Janeiro: Record, 2003.

Mario Vargas Llosa

"A bonomia de Jorge sempre me fascinou. Ele é, talvez, entre todos os escritores que conheci, um dos que mais vi sempre contente, e de quem não me lembro ter ouvido falar mal de nenhum outro escritor - mas sempre bem, e de todos! Ele sempre me deu a impressão de que é um grande gozador da vida, carinhoso, afetuoso, sempre disposto a ajudar. Uma esplêndida pessoa vital!"

Fonte: Playboy, nº 130, maio/1986

Mempo Giardinelli

"Não acredito que exista um só escritor brasileiro escrevendo no estilo que consagrou Jorge Amado. Ele é grande, mas é único. Não há mais Gabrielas e Donas Flores, esse exotismo que na verdade corresponde ao do europeu sobre a América Latina"

Fonte: Jornal do Brasil, 18/10/1997

Monteiro Lobato

"Difícil definir seus livros, meu caro Jorge. Eles desgarram de todos os moldes assentes; são livros de dar dor de cabeça aos acadêmicos, aos seguidores de regras da arte".

Fonte: BLOCH. Pedro. Pedro Bloch entrevista. Rio de Janeiro: Bloch Editores, 1989.

“Lobato. O grande Lobato. Quando eu fui condenado à cadeia, eu estive preso em 45 na cela em São Paulo em 45, fui preso aqui, fui para a mesma cela, eu e Caio Prado Júnior, para a mesma cela onde Lobato tinha gramado seis meses de cadeia porque dizia que já existia o petróleo”.

Fonte: Revista Viver Bahia, edição Julho/Setembro de 1978.

 

Nélida Piñon

"Jorge consguiu um feito literário muito raro, que é inventar um país, um território mítico, mas ao mesmo tempo, muito próximo de todos. Ele povoou esse território com criaturas que têm o nosso rosto, as nossas máscaras. Jorge criou grandes figuras femininas, emblemáticas, e valorizou de forma extraordinária os excluídos. Deu-lhes uma dimensão de intensa humanidade; além disso, deu-lhes visibilidade. Ele nos obriga a ver que atrás de um ser excluído pela sociedade há criaturas fantásticas".

Folha de São Paulo, 07/08/2001

Nelly Novaes Coelho

"Para além de ser uma das grandes vozes que revelaram o Brasil ao mundo, Jorge Amado foi o romancista que melhor pôs a nu a imagem da mulher erotizada, a mulher sexo que a civilização cristã opôs ao ideal de mulher pura e inacessível, objeto do amor eterno. É nesse sentido que vemos, por exemplo, Tenda dos milagres, como um dos pontos mais altos do universo romanesco criado pelo romancista baiano. Rosa de Oxalá é a grande personagem amada por Pedro Archanjo, na qual se fundem as duas imagens femininas, antogônicas: a idealizada, pura, o objeto de amor eterno e a erotizada, objeto de amor carnal, do amor aqui e agora que dá continuidade a vida."

Fonte: Cadernos da Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

Nelson Pereira dos Santos

"Na linguagem literária amadiana o cinema está presente, da mesma maneira que participa da interminável ação política do escritor, bem como de sua vida privada. Por outro lado, o olhar amadiano que juntamente com Gilberto Freyre ajudou a fundar o Brasil moderno, sempre esteve presente, desde os anos 30, nos filmes brasileiros e, mais precisamente, em novelas e seriados de TV. Quando cheguei ao Rio, em 1952, conheci através de Alinor Azevedo, escritor e roteirista, e de Ruy Santos, fotógrafo e diretor, o quanto Jorge Amado atuava na produção dos filmes cariocas. Não era apenas o escritor preferido dos cineastas e candidato a cineasta, mas também o roteirista e autor de histórias originais ou simplesmente o roteirista dos tratamentos finais, especialmente dos diálogos".

Fonte: Cadernos da Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

"Para mim, ainda muito jovem, Jorge Amado foi o 'grande professor do Brasil'; ele nos ensinou a ver. E, na prática, nas grandes campanhas culturais, a realização do congresso para o cinema, ele sempre estava na frente - como ele estava desde o começo, através de sua presença literária. eu o conheci em São Paulo, quando ele era deputado e um dos líderes da esquerda no setor cultural. Tornei a encontrá-lo depois, no Rio. Quando Rio 40 graus foi proibido - ele era acusado de dar uma imagem negativa do Brasil, e portanto de ser subversivo! -, foi novamente Jorge Amado quem encabeçou um movimento a meu favor. Ele escreveu um belo artigo sobre o filme"

Fonte: A Quinzena Literária, nº 485, 01/05/1987

"Só posso lamentar a perda do Jorge, um escritor da maior importância, não só para o Brasi, como para o mulndo. Eu tinha nele um pai, um irmão mais velho, que me ajudou e me orientou muito em minha carreira. Sofro como um membro da família".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Norma Caymmi

"Jorge era nosso padrinho de casamento, mas não estivemos com ele recenemente. É difícil falar alguma coisa neste momento. Estamos sentindo muito, muito abalados. Caymmi ficou muito quieto , não quer falar".

Fonte: O Globo. 07/08/2001

Orígenes Lessa

"Jorge é um homem que se fez sem nunca ter prejudicado ninguém. É o escritor brasileiro que mais teve palavras de cordialidade com outros escritores, jovens ou não. Ele tem sempre uma palavra boa. E quis ter uma palavra boa comigo, e achei bom".

Fonte: Manchete (década de 1970)

Oscar Niemayer

"Para falar de Jorge Amado, prefiro recordar os velhos tempos. Nossa amiga Julinha Bressane a bater na máquina seus primeiros romances e ele a despontar para o mundo da literatura com seu talento prodigioso".

Fonte: Cadernos de Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

Otávio Velho

"Jorge Amado foi um grande escritor graças à sua grande sensibilidadeom para pensar o Brasil. Sua trajetória de esquera também não deve ser esquecida, pois quem o conheceu no auge de sua carreira e da sua popularidade comercial não sabe de sua importância política".

Fonte: Jornal do Brasil, 07/08/2001

Otto Lara Resende

"Grande e querido Jorge, Desculpe se me demorei tanto a lhe mandar esta palavra, que é só para lhe dizer que Você não tem o direito de ficar triste nem por um minuto. Abra o olho, Jorge, porque se V. perde um mínimo que seja de sua energia, do seu imenso potencial criativo irradiador, que será de nós? que será de mim?, que será da Bahia? que será do Brasil?.  Você é a garantia ao vivo, Jorge. Você é a festa, a certeza de que há salvação, que que tudo no fim dá certo. Se Você por um segundo fica (de público?!) de asinha caída, ai meu Deus do céu, que será do povão, de que V. é a expressão, o entusiasmo, a notícia e o noticiarista? V. reflete o Brasil para o mundo - e para todos nós brasileiros, que nos orgulhamos de Você conosco, em nós, para nós. Então me faça o favor de sair dessa fossa, que não há de ser nada de menos JorgeAmado (assim junto mesmo), nada de menos JorgeZélia, nada de menos GattaiAmado, AmadoGattai, do que Você com cara de gente triste. Ou li errado a notícia? Colunista não tá com nada, colunista erra muito. Espero então que seja erro e que V. esteja 100% Jorge Amado, como sempre foi e tem de ser. Aleluia! De pé pela Bahia e pelo Brasil. Vou ver "Capitães de Areia" e prometo não perder "Tieta". E vou ler JA e ZA todo dia, tá? Beijos nossos pra Zélia e pras crianças de todas as gerações. A benção, meu Guru, e o carinho cheio de admiração do seu velho OLR"

Fonte: Carta de Otto Lara Resende, de 01/12/1989, publicada nos Cadernos da Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

Patrícia Melo

"Jorge Amado foi o autor da minha adolescência. Li quase tudo de sua obra. Foi o momento em que descobri o prazer da literatura por intermédio dele e de Machado de Assis. Foi com ele que comecei a ver um Brasil que não estava perto de mim. Ele é sem dúvida, o grande expoente da literatura regional. Seus personagens são emblemáticos da nossa cultura. É uma perda insubstituível. Estou muito triste".

Fonte: O Estado de São Paulo, 07/08/2001

Paulo Costa Leite

"O Brasil chora a perda de um de seus mais importantes filhos, que elevou a literatura brasileira a níveis nunca antes imaginados, fazendo-a respeitada em todo o mundo, além de se tratar de uma figura extraordinária".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Paulo Coelho

A literatura brasileira só existe internacionalmente por causa do Jorge. Ele era enorme tanto como artista quanto como ser humano. Percebi sua importância já criança, quando li Gabriela, cravo e canela. Foi o primeiro contato que tive com a obra dele. Depois, caiu-me nas mãos Os velhos marinheiros, A partir daí, li quase tudo o que escreveu".

Fonte; Folha de São Paulo, 07/08/2001

Paulo Francis

"Jorge Amado ganhou o Jabuti de melhor romance. Há muitos anos, como um   camelo, rumina e cospe a mesma mistura de sacanagem e violência, sem ao   menos o vigor ideológico, o talento primitivo e forte, de um Capitães de Areia".  
   

Fonte: O Estado de S. Paulo - 09 /07 / 1995   

Pedro Paulo Sena Madureira

"A morte dele é comparável à de Neruda para o Chile e a de Sartre para a França. Vai um pouco da identidade do Brasil. Jorge é uma das melhores imagens que o Brasil projeta".

2001

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Pepetela

"Comecei a ler Jorge Amado aos 15 anos. Quando cheguei à idade da razão, já tinha lido muitos livros seus. Sem dúvida alguma, foi um dos primeiros autores que me abriram os olhos para uma série de coisas de uma realidade que no fundo não era tão longínqua da minha. O Nordeste brasileiro tem muitas semelhanças com Angola, sobretudo com a região costeira. É costa contra costa, um olha para  outro. Então aprendi muito com Jorge Amado, não só pelo ponto de vista literário, mas pelo Aldo humano. Mais tarde eu o conheci pessoalmente. Tem sido uma referência constante. Como costumamos dizer aqui, é o meu ‘mais velho’”.

Fonte: Jornal do Brasil, 20/05/2000 – Rodrigo Alves

Rachel de Queiroz

"Jorge Amado, não preciso dizer, a reputação dele é internacional, ele fez um nome internacional".

Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultura, 01/07/1991

"Estou muito desolada porque perdi uma pessoa que considerava como sendo da minha família. Fui sua amiga desde quando ele era pequeno. Perdemos um grande romancista".

Fonte: O Globo, 07/08/2001

"A primeira vez em que o prêmio seria concedido a um brasileiro foi em 1990. Fomos escolhidos para eleitores, eu, dom Marcos Barbosa e Américo Jacobina Lacombe. Nós já tínhamos tramado a candidatura de João Cabral, escondido de Jorge Amado. Isso porque tudo que era prêmio ia para o Jorge Amado. Já em 1993, quando o prêmio seria novamente concedido ao Brasil, o lobby do Jorge Amado estava muito forte. Os portugueses estavam pelo Jorge e os brasileiros por mim. Jorge tinha saído de um infarto e mesmo assim foi para Portugal fazer o lobby dele. Ficou hospedado no hotel onde haveria a eleição... Jorge Amado me disse que nunca viu uma adaptação dos livros dele porque sabia que ia se aborrecer muito. Só não sei se é mentira, porque o Jorge às vezes mente. A Tieta do Agreste, Tereza Batista, a personagem central de Tocaia Grande — são as mesmas personagens com vários nomes. Jorge Amado se repete. É muito escravo do êxito que conquistou. Depois, ele teve aquele apoio maciço do comunismo do mundo inteiro. E Jorge tem talento para fazer grandes livros. Mas ele é um personagem muito curioso. Um amigo leal, mas um homem que quer fazer a carreira dele a todo custo".

Fonte: Veja, 09/10/1996

 

Regina Zilberman

"Mais do que ser lido e amado dentro e fora do Brasil, tinha um trânsito muito grande. Falava de igual para igual com grandes nomes da Europa e Estados Unidos. Todo mundo tinha respeito por ele, não apenas o leitor anônimo. Era admirado pelos grandes".

Fonte: Jornal do Brasil, 07/08/2001

    

Roberto da Matta

"Como estudioso da sociedade brasileira de uma perspectiva sociológica, sinto-me atraído pela obra de Jorge Amado. No plano mais óbvio, pela sua conjunção com a sociedade brasileira lida através de suas principais instituições, costumes e valores e - acima de tudo - de sua pertubadora persistente 'questão social'. No plano de uma leitura mais densa ou antropológica, pelo modo original com que esta obra apresenta um conjunto de indagações básicas relativas às possibilidades de um panorama integrado de nossa sociedade: uma visão compreensiva ou interpretativa do Brasil..."

Fonte: Cadernos de Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997.

Sergio Machado

"É sempre um choque. Sobretudo é a perda de um amigo, que Jorge evidentemente foi para mim, quase que um exemplo do valor da amizade, da coisa certa, do amor à vida. É mais uma página que fecha. Desde a morte de meu pai não tenho essa sensação de orfandade".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Sergio Milliet

"Em Cacau, por exemplo, já com pretensões dourinadoras, apresenta cenas de alto valor estético e que, na sua verdade, são profundamente socializantes".

Fonte: PEIXOTO, Silveira. Falam os escitores. 2º vol. São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 1971.

Severo Sarduy

"Sua obra tem um aspecto irrefutável, incontornável: sua extrema transparência em face da linguagem popular de sua cidade e de seu país. Não conheço nenhum caso de identificação maior entre um homem e uma cidade, um homem e uma língua. Amado conseguiu compreender, falar e rezar na língua de seus ancestrais. Isso vale mais que tudo".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Simone de Beuvoir

"Tivemos uma simpatia imediata pelo Jorge, pela Zélia; no Rio, tornamo-nos íntimos: com nossa idade, já tendo visto definharem tantas relações, não podíamos imaginar ter ainda a felicidade de encontrar uma nova amizade".

Fonte: BEAUVOIR, Simone de. A força da coisas. R.Janeiro: Nova Fronteira.

Tarcísio Padilha

"Foi a figura exponencial da nossa literatura depois dos anos 30. Inicialmente um militante político, com manifesta tendência ideológica, isso jamais o impediu de se tornar um magistral contador de histórias. Ao ler sua obra intensamente divulgada no exterior, antecipou a nossa globalização literária, abrindo caminho para outros escritores brasileiros. Expressou a alma brasileira a partir da Bahia. A baianidade era a chave capaz de abrir a porta da universalidade de sua literatura. É uma perda irreparável, e a Academia está de luto fechado".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Tom Zé

Em 68, eu havia ganhado o festival de MPB da TV Record e lançava meu primeiro disco, e fomos jogar pôquer na casa dele,  no Rio Vermelho. Ele disse que, se eu falasse de personagens do povo, aí sim eu estaria falando uma linguagem universal, para o mundo todo. Lembrei a minha impressão quando fui ler um livro dele pela primeira vez, motivado por encontrá-lo nas reuniões do Partido Comunista. Eram dez palavras e um ponto, os comunistas tinham aquele comopromisso com o proletariado. Ele comentou aquilo como quem me ajudava, como quem contava um segredo. Nunca segui o conselho dele direito".

Fonte: Folha de São Paulo, 07/08/2001

Viana Moog

"Não se esqueça de que os traços que dou como característicos das diversas ilhas são traços dominantes, não exclusivos. Quanto a Jorge Amado, por exemplo, você não o acha, como eu também, tão baiano quanto poderia desejar, de acordo com o meu critério. De fato, à primeira vista pode parecer antes um filho do Recife. Mas se o examinarmos com mais cuidado veremos que é até bem baiano, não só pela torrencialidade como pelo barroco de sua literatura. E também é baiano por ser menino prodígio."

Fonte: SENNA, Homero. República das letras. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996,

Vilma Arêas

"Ele tentou mostrar o Brasil com uma coloração lírica. Escolheu um caminho e recebeu muitas críticas por causa disso. Mas poderia ter escolhido qualquer outro caminho, pois tinha um grande talento. Nunca entrou nas faculdades de Letras: pior para elas. Nunca saiu do coração do povo: melhor para todos nós. Deixa um clássico: Terras do sem fim".

Fonte: Jornal do Brasil, 07/08/2001

Waly Salomão

É como se estivesse perdendo um pai. Jorge Amado nos inventou. A Bahia, como conhecemos, sai das páginas de Jorge Amado de uma forma que não sabemos o que é real e o que veio da ficção dele. Ele é uma Sherazade macho e sua imensa obra são as 'Mil e uma noites' brasileiras".

Fonte: O Globo, 07/08/2001

Wilson Martins

“As pessoas emburram como se eu escrevesse ofensas pessoais e dizem que me contradigo quando gosto de um livro de um autor, e do seguinte, não. Não escrevo sobre autores, escrevo sobre livros. Na crítica séria não há autor, há somente o texto. Jorge Amado escreve há 60 anos, ao longo da vida publicou livros bons e livros menos bons. Elogiei os bons, mas não recuei quando o livro não era ruim. Além disso, esteve durante uma grande parte da sua carreira “medusado” pelo realismo socialista que estragou boa parte do trabalho”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 26/07/1997 – Norma Couri

“Amado vive hoje o mesmo problema de Lygia Fagundes Telles: é um romancista cuja obra já se concluiu. Seus grandes livros têm duas fases: a stalinista, em que praticou o realismo socialista, que se encerra com Terras do sem fim; e a fase desestabilização, na qual o melhor livro é Tenda dos milagres. O grande defeito de Jorge Amado é o mesmo de Guimarães Rosa: a partir de um dado momento, ele não se libertou de si mesmo, passou apenas a imitar-se”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 30/05/1998 – José Castello

"Considero Jorge Amado o escritor mais representativo do grupo dos romancistas nordestinos dos anos 30. Foi certamente o escritor brasileiro mais popular, de maior penetração no mundo todo. Sua carreira tem fases diferentes, passando pela saga da região do cacau, influenciado mais tarde pela idelogia política e social. Seu grande sonho foi ser o escritor do povo. E ele conseguiu.

Fonte: O Globo, 07/8/2001

William Styron

“Conheço muito pouco da literatura brasileira, exceto os livros de Jorge Amado. Acho que ele é um mestre”.

Fonte: O Globo, 07/03/1993 

 

                                      * * *

                O quê eu falo de outros

Adonias Filho

"Atualmente está se festejando setenta anos de Adonias Filho, que é um romancista muito importante na região cacaueira; ele resgatou a vida grapiúna, os sentimentos do povo grapiúna com muita arte, tanto na composição quanto na narrativa

Alceu Amoroso Lima

“Alceu Amoroso Lima, eminente pensador católico, amigo de Jacques Maritain, surgiu naqueles anos como um profeta do tomismo, na liderança de um movimento eu se desenvolveu no Rio. Era um homem mito respeitado nos meios intelectuais, e todos nós tivemos alguma forma de admiração pelo tomismo, sem mesmo conhecê-lo como filosofia e sem ter com ele qualquer afinidade verdadeiramente de ordem religiosa. Era apenas uma atitude intelectual, uma pose.”

Fonte: RAILLARD. Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.  

Ana Seghers

Mas foi sobretudo de Ana Seguers que me tornei muito íntimo. A pessoa mais maravilhosa que conheci em minha vida. Um mulher de uma beleza excepcional; tinha uma beleza extraordinária, moral e física. Uma grande escritora, popular no mundo inteiro. Nós lhe devemos romances inesquecíveis: A sétima cruz, Trânsito, novelas - ela era ótima novelista. Juntos fizemos tantas coisas, tantas coisas!".

Fonte: RAILLARD. Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Antonio Carlos Magalhães

O atraso dos intelectuais brasileiros faz com que eles considerem que amizade significa solidariedade política - outra tolice. Sou amigo de Antonio Carlos Magalhães, não sou seu correligionário. Estimo no ex-governador da Bahia sua indiscutível capacidade administrativa, seu amor à Bahia, seu devotamento à cultura. Estimo, sobretudo, um ser humano de grandes qualidades pessoais".

Fonte: LUCENA, Suênio Campos de. 21 escritores brasileiros: uma viagem entre mitos e motes. São Paulo: Escrituras, 2001.

Antonio Torres

Amigos como Antonio Torres, que é alguém a quem estimo muito e um grande escritor. Conhecemo-nos em circunstâncias muito curiosas. Por ocasião do lançamento, em São Paulo, de Dona Flor e seus dois maridos, se não me engano. O livro acabava de sair, era 1966, e eu ia autografar. Então, no lançamento, recebi um convite de um jovem totalmente desconhecido. Ele era baiano e acabava de escrever um livro que estava sendo lançado em São Paulo, no mesmo dia e na mesma hora que o meu. Assim, antes de ir ao meu lançamento, passei pelo dele, comprei um exemplar do romande e pedi-lhe um autógrafo. Era Antonio Torres. Depois li o livro, e vi que havia ali um enorme talento, e que só fez aumentar".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Augusto Frederico Schmidt

"Naquele momento as edições Schmidt representavam o que havia de mais avançado no Brasil. Foram fundadas em 1930 pelo poeta Augusto Frederico Schmidt, um poeta da segunda geração modernista, um poeta católico que se pôs a publicar a nova literatura que surgiu depois da Revolução de 1930. Era um homem estranho , um mestiço imponente, grande muito gordo – o chamávamos de O Gordo Sinistro - , que reunia ascendências judia e negra. Este homem, que deveria ter sido Jeová e Oxalá, era um “Cristo católico”, muito católico e muito atormentado, que tinha um terrível sentimento de culpa, não sei por quê... E logo em seguida Tristão da Cunha escreveu a Schmidt: ‘Você tem aí um jovem escritor que pode tornar-se um grande escritor; publique este livro (O país da carnaval) imediatamente’. Não só o Schmidt publicou como também o prefaciou”.

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Boris Pasternak

"Não conheci Pasternak; uma vez fui à casa de Ehrenburg, Pasternak acabara de sair. Foi um grande escritor, um grande poeta. Quando recebeu o Prêmio Nobel e houve todas aquelas coisas monstruosas contra ele na União Soviética, os ataques, os insultos - foi excluído da União dos Escritores, totalmente excluído -, eu me lembro de ter visto um artigo no Kosomovskaia, o Pravda para jovens, que o tratava de cão, uma coisa ignóbil. Fiquei revoltado, dei uma declaração aos jornais brasileiros, que apareceu na Última Hora, condenando violentamente esta vilania contra um grande escritor".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Carlos Drummond de Andrade

"Fui admirador e amigo de Carlos Drummond de Andrade. A partir dos anos 60 nossas relações se tornaram mais próximas. Em certo Natal, não me lembro de que ano, ele escreveu um poema dedicado a Zélia e a mim, de muito carinho, e nos enviou com os votos de Ano Novo. Tive ocasião de participar em Paris, pouco antes de sua morte, de um ato de homenagem à sua poesia".

Fonte:LUCENA, Suênio Campos de. 21 escritores brasileiros: uma viagem entre mitos e motes. São Paulo: Escrituras, 2001.

“Acho que a literatura brasileira, pela sua importância, já merecia um Nobel e acho que quem vai ganhá-lo para todos nós é Carlos Drummond de Andrade. E é merecedíssimo".

Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/1981

"Hoje recebi uma carta de Carlos Drummond de Andrade, uma bela carta, falando de uma entrevista que dei a um jornal daqui (Paris) em que eu o citei. E ele me diz ter particularmente gostado do meu ponto de vista sobre a censura, pois, se realmente se quer, ela não pode impedir que se escreva. Ela não é suficiente para explicar ou justificar a pobreza da criatividade. Nisto eu via, eventualmente, um álibi para a preguiça; Dummond fala em 'pobreza de espírito'..."

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Carlos Lacerda

"Fomos amigos íntimos em nossa juventude, companheiros na faculdade de direito do Rio de Janeiro, na Juventude Comunista, na Aliança Nacional libertadora, na vida literária dos anos 30, na redação de Diretrizes, durante a primeira faze. Estávamos constantemente juntos. Extremamente inteligente, jornalista e orador de primeira ordem, bom narrador, dotado de um enorme poder de sedução, Carlos Lacerda, ambicioso e autoritário, deslocou-se da esquerda comunista dos anos 30 para a centro-esquerda na década de 40-50, e finalmente foi o principal ideólogo e líder civil do golpe de Estado de 64, com o qual em seguida rompeu, quando não obteve o apoio dos militares às suas ambições presidenciais. Amigos íntimos em nossa juventude, nos tornamos adversários políticos e deixamos de manter relações pessoais durante muitos anos (desde 1955, e acho, sem estar absolutamente certo sobre a data). Reatamos nossas relações pessoais pouco antes de sua morte. 'Não quero morrer seu inimigo'. ele me escreveu".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

 

Castro Alves

"Um vento noroeste, com toda a sua força, o seu ímpeto e a sua violência. E também toda a sua beleza. Assim o escritor Jorge Amado  descreveu o poeta dos poetas brasileiros, Antônio de Castro Alves.


O Globo – Rio de Janeiro – 12.08.1997

“Castro Alves é para nós todos o exemplo do que deve ser um intelectual, que deve ser um escritor, um poeta por excelência. Ele é nosso grande poeta do amor, não há maior que ele na nossa poesia, e é também o poeta que se bateu por todas as causas nobres do povo brasileiro. A causa da Abolição, a causa da República, a causa da liberdade... Não só na sua poesia como na sua ação de cidadão, fundador de causas abolicionistas, dando fugas a escravos etc.”

Fonte: http://medei.sites.uol.com.br/penazul/geral/entrevis/jamado.htm  30/12/2011

Charles Chaplin

Acho que morreu a pouco tempo aquele que foi o maior homem de nossa época, Charlie Chaplin. Não tive a felicidade de privar de sua amizade, mas estive com ele duas vezes. A ultima vez foi quando entreguei o livro de Walter da Silveira (Imagem e Roteiro de Charlie Chaplin), explicando quem era Walter, o estado de saúde em que se encontrava. Disse, então, que Walter ficaria muito feliz se uma carta lhe fosse enviada. E Chaplin escreveu. Este homem, eu acho, foi aquele que mais contribuiu, mais do que qualquer estadista, mais do que qualquer outro homem, para a Humanidade, no nosso século. Charles Chaplin.... De Chaplin não fui amigo. A primeira vez quando fomos entregar a ele o Premio Internacional da Paz, que lhe fora concedido, em 1953 ou 54. E outra vez, já disse, quando fui levar o livro de Walter... Sim, na Suíça. Acho que este homem deu à Humanidade uma contribuição enorme, imensa, inigualável”.

Fonte: Revista Viver Bahia, edição Julho/Setembro de 1978.

 

Chico Buarque de Holanda

"Chico é de uma grande decência e de uma grande dignidade. Um homem que foi violentado pela censura, mas que não saiu por aí dizendo que ela o estava impedindo de criar, como tanta gente que disse que não escrevia porque a censura não deixava. A censura nunca impediu de escrever. Ela pode impedir que as coisas sejam publicadas, não que sejam escritas. Isso é uma safadeza, é uma forma de não fazer as coisas. Chico, ao contrário, quando tinha uma canção proibida, fazia outra. Usou até pseudônimo”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 07/05/1981

Darcy Ribeiro

"Um homem que eu estimo muito como pessoa e intelectual é o Darcy Ribeiro. Acno que ele é muito brasileiro nas qualidades e nos defeitos, sabe? Não só pelas qualidades. O Darcy hoje em dia a expressão intelectual do populismo. Se bem que, naturalmente, ele sabe essa coisa toda sobre Marx”.

Fonte: Istoé, 29/07/1992

Dias Gomes

"Tomemos um caso típico no Brasil, um grande escritor como Dias Gomes; a parte central de sua obra - a meu ver, a parte mais importante de sua obra literária - não é afetada pelos efeitos da outra parte importante de sua obra, que constitui a dramartugia televisiva - ele é um dos criadores da telenovela. São duas coisas diferentes, cada uma com suas caracterísiticas. Adaptou para a televisão peças de teatro e prosa, por exemplo, uma peça excelente, que deu lugar a uma telenovela que obteve um sucesso enorme: Roque santeiro. Não vejo influência. São dois gêneros diferentes. E Dias Gomes faz um bom trabalho nos dois".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Dyonelio Machado

"Os ratos, de Dyonelio Machado é um grande livro. Uma das obras importantes do 'romance de30'".

Fonte: RAILLARD. Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.  

Dorival Caymmi

"Se ele escrevesse, escreveria meus romances; se eu compusesse, comporia suas músicas".

Fonte: O Globo. 07/08/2001

"(O mar) É uma figura muito presente na obra musical de Dorival Caymmi, é uma figura central que marca profundamente a obra de Caymmi, assim como a minha. E esta coisa meio mágica, os náufragos. o marinheiro que morre na tempestade e que é noivo de Iemanj; é tudo um clima de sonho...  Trabalhei muito com ele durante toda a minha vida. Desde muito jovens, sempre fomos bastante unidos. Se você vir o seu Cancioneiro da Bahia, verá que eu sou a pessoa que mais trabalhou com ele. Ele escreveu um lamento sobre Mar morto, 'É doce morrer no mar', também compôs sobre Terras do sem fim, Tereza Batista; fez a belíssima canção de Gabriela pra a televisão, e para Tenda dos milagres um afoxé maravilhoso. Há anos, Caymmi disse num artigo que se escrevesse, escreveria meus romances, e se eu compusesse, comporia sua música. É verdade, a nossa visão é muito igual, assim como os elementos que influenciaram nosso trabalho: a Bahia, a cultura negra, tudo... De forma que Caymmi e eu temos feito juntos muitas coisas, e sempre acompanhei seu trabalho. Existe até uma espécie de valsa - será mesmo uma valsa? - cuja música é de Caymmi e a letra é de Carlos Lacerda e minha".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

 

Érico Veríssimo

"Naquela época todo mundo se conhecia. O Érico e eu trocávamos pelo duas cartas por semana... Numa ocasião, durante a ditadura, li no jornal que o Alfredo Buzaid, ministro da Justiça de Médici, tinha anunciado um novo código de censura. Peguei o telefone e liguei para o Érico Veríssimo em Porto Alegre. Nós éramos os escritores mais lidos no Brasil e decidimos redigir uma declaração conjunta: em nenhuma hipótese mandaríamos nossos livros à censura prévia. A nota escapou da censura e foi publicada nos grandes jornais. Imediatamente todo mundo apoiou”.

Fonte: Istoé, 29/07/1992 

Ernesto Sábato

"Há aqueles que eu amo e os que admiro. Admiro Borges e Octavio Paz. Amo Vargas Llosa e Ernesto Sábato"

Fonte: Istoé, 29/07/1992

Ferreira de Castro

"Escrevi um texto a que denominei minhas 'Memórias de Lisboa Proibida'. Nele conto dois fatos que aconteceram durante o tempo em que eu não podia entrar em Portugal. Houve um jantar que um grupo de escritores portugueses organizou para mim. Creio que foi em 53. Eu devia fazer escala em Lisboa, e avisei meu amigo Ferreira de Castro, a quem eu queria ver. Eu não tinha o direito de ultrapassar os limites da sala de trânsito. Mas, como os portugueses tinham acesso à sala, os escritores decidiram alugar o restaurante da sala e me oferecer um jantar. Sai do avião e encontrei todos estes amigos, encabeçados por Ferreira de Castro - eu era muito ligado a ele, tínhamos uma profunda amizade. Estavam lá escritores que conheci na França, como Mário Dionísio, Alves Redol, Lyon de Castro, José Cardoso Pires, Alvaro Salema e outros. Havia uma enorme quantidade de fotógrafos. Eu disse a Redol: 'Quantos fotógrafos, quantos jornalistas!' 'Ah!', respondeu ele. 'Há somente um nosso, todos os outros são da polícia...' Na saída, houve interpelações, e Ferreira de Castro teve que fazer um escândalo para impedir que alguns escritores fossem presos. Um jantar histórico".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Francisco Brennad

“No Brasil, nos artistas principais, apenas o tema e a cor são brasileiros, o demais repete a Escola de Paris. Escapou Tarcila, penso eu, isolada. Além é claro dos afins, dos naifs, esses sim, brasileiros na invenção e na execução. Djanira, por exemplo. Não me venha dizer o senhor crítico de arte que Djanira não é naif – os nossos críticos de arte em geral além de pernósticos são empulhadores. Ora, dá-se que na pintura de Brennand existe marca, ainda que longínqua, da Escola de Paris, sua cerâmica é toda brasileira na imensa aventura criadora, nada nela é cópia ou imitação brasileira do barro à concepção, da técnica ao sonho, do forno à inventiva: a arte de Brennand nada deve ao que se faz em outras plagas. Por isso mesmo, por não ter copiado nem imitado, o pernambucano Francisco Brennand é hoje o único – ele e somente ele – artista brasileiro de lugar assegurado no citado clube dos principais da arte contemporânea, não é por acaso que lhe foi conferido o prêmio Gabriela Mistral, o único, não sei de outro. Tão importante que sozinho proclama a universidade da arte brasileira, universalidade que decorre da originalidade nacional. Francisco Brennand, universal por não ser um pastiche, universal por ser pernambucano brasileiro.”


Fonte: Jornal do comércio – Recife – 22.11.2001

Georges Simenon

"Não espero o Nobel. Há muita gente que merecia o Nobel mais do que eu – não estou sendo modesto – e não ganhou. Já citei Drummond. Poderia falar de Alberto Moravia e de Georges Simenon. Por que não dão o Nobel a Simenon, que Gide considerava um dos melhores romancistas contemporâneos? Por preconceito . Não posso me imaginar ganhando o Nobel, se Simenon não o ganhou”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/1981

 

Gilberto Freyre

Casa Grande & Senzala foi um revolção em nossa literatura, em nossa vida cultural, em nosso crescimento nacional”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 24/08/2003

 

"Eu vejo a obra de Gilberto Freyre como uma das mais importantes. Eu discordei muito de Gilberto durante a minha vida, por posições políticas. Eu tive uma militância política comunista, todo mundo sabe notório, durante muitos anos, e aliás, fomos colegas na Constituinte de 46. Eu era deputado comunista e Gilberto era deputado da UDN... discordamos muitas vees, mas, o fundamental é que me sinto muito feliz e orgulhoso de ter sido contemporâneo de Gilberto Freyre, de ter assistido à publicação de Casa Grande & Senzala em 1933, na edição Schmidt. Todos os grandes livros daquele tempo eram da edição Schmidt, que era a editora de vanguarda, digamos, dirigida pelo poeta Augusto Frederico Schmidt, que publicou todos os grandes daquele tempo. Mas o livro de Gilberto Freyre nos deu a nossa identidade brasileira, ele nos ensinou como é que somos brasileiros... O Gilberto tinha uma grande coisa. Os livros de Gilberto têm todas as coisas, têm marxismo, têm... têm todas as coisas... Ele usava tudo, e não era, absolutamente, nenhuma por completo. Ele era Gilberto Freyre. Homem de talento extremo... Ele se dizia um conservador revolucionário. É possível. No fim da vida ele dizia que era anarquista. Eu creio que bastante justa... nós somos todos um pouco anarquistas, aqueles que buscam viver um pensamento livre, que não é fácil. Então, a importância de Gilberto é imensa. Ele é o principal. Ele foi do nosso tempo, e o que a gente pode dizer? O principal autor brasileiro".

Fonte:http://medei.sites.uol.com.br/penazul/geral/entrevis/jamado.htm (30/12/2011)

 

Gilberto Gil

“A televisão na Bahia me entra pela casa adentro sem avisar, a propósito de qualquer coisa, né? Querem saber tudo. Porque que Gilberto Gil não foi escolhido? Eles vão saber a minha opinião. Eu não sei por que Gilberto Gil não foi escolhido. Na minha opinião, sei que ninguém poderia ser melhor representativo, melhor prefeito da cidade de Salvador, da Bahia, do que Gilberto Gil, que é o próprio povo da Bahia, que é a própria cidade da Bahia... mas... é assim... aqui não posso escrever já não é de hoje”

Fonte:http://medei.sites.uol.com.br/penazul/geral/entrevis/jamado.htm (30/12/2011)

Giocondo Dias

"Minha decisão de me afastar do ativismo não significou um rompimento com os soviéticos. O partido tentou acabar comigo, mas os russos não. Contiuaram a publicar meus livros, a me tratar como um amigo. De alguns comunistas no Brasil continuei amigo. O Giocondo Dias era como um irmão meu. Outros não se comportaram bem".

Fonte: Istoé, nº 1191, 29/07/1992

"Um dos homens mais admiráveis que conheci no Brasil, que morreu no ano passado, que se chamou Giocondo Dias, quando morreu era secretário geral do Partido Comunista do Brasil... Com ele, fizemos muita coisa juntos. Foi um homem extraordinário, um homem de uma grandeza humana enorme. Agora, hoje vejo com esta concepção que te digo. Eu acho que nós devemos lutar pelo socialismo, porque é justo, é correto, agora, para o socialismo com democracia, sem o que estamos capados todos nós.”

Fonte: http://medei.sites.uol.com.br/penazul/geral/entrevis/jamado.htm (30/12/2011)

  

Glauber Rocha

"Somente Glauber se compara a ele (Nelson Pereira dos Santos), são os dois grandes mestres. Muito diferentes... Desde o início acompanhei seu trabalho de cineasta. ele era quase uma criança. Quando conheci Glauber Rocha, Calazans Neto, Paulo Gil, o grupo de Mapa, tinham acabado o colégio, estavam entrando na univesidade. Ficaram intimamente ligados comigo Principalemte Glauber, até o fim de sua vida. Eu o vi morrer. Uma coisa terrível... Por mais de um mês, João Ubaldo Ribeiro e eu estivem lá em Lisboa, a acompanhá-lo em sua agonia. Levei mais de um ano para superar aquele mês mês terrível".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

“ Glauber... o que é que posso dizer de Glauber? Glauber foi como um filho meu, foi como o João que está ali (aponta para o filho ali perto), compreende? Quer dizer, conheci Glauber menino, e toda aquela geração, e o acompanhei até o fim, quer dizer, eu... (emocionado) aconteceu-me uma coisa terrível que foi ter assistido a Glauber morrer... Durante mais de um mês em Lisboa, Portugal, desde o momento que Glauber foi internado em Sintra. E depois nós o trouxemos para Lisboa, João Ubaldo e eu, nós eu digo Zélia, minha mulher, João Ubaldo Ribeiro e eu próprio. Até o momento em que conseguimos embarcar Glauber para o Brasil e infelizmente já sem... eu não creio que tivesse salvação. Ele tinha um câncer de pulmão bem avançado, terrivelmente avançado, acho que sem possibilidades... Quanto à obra obra de Glauber, acompanhei desde os primeiros passos de documentários dele, da Bahia, e a cada filme, e de certa maneira a nossa obra tem uma relação de parentesco. Glauber... nós tínhamos uma relação mais do que fraterna, quase que de pai e filho, quase que paterna e filial... sua morte para mim... levei quase um ano para poder recuperar o equilíbrio emocional depois da morte de Glauber. Você disse que ele é o maior cineasta brasileiro, e digo que não só um grande cineasta como um grande brasileiro, um dos maiores brasileiros do nosso tempo e um dos mais injustiçados. Glauber foi vítima do patrulhamento ideológico mais monstruoso, sujeitos que depois que ele morreu vieram dizer que ele era isto ou aquilo, mas que o patrulharam, que o levaram a querer sair do Brasil, a querer ir embora para não ficar aqui, de tal maneira que ele foi insultado, das coisas mais miseráveis, quando ele era o único que estava vendo claro. O que aconteceu aqui, Glauber viu muito antes. ... Eu acho que Glauber está entre os vinte maiores cineastas do nosso tempo, um dos vinte maiores cineastas da história do cinema. Se ele tivesse nascido num país capitalista, e não no Terceiro Mundo, e tivesse nascido no Primeiro Mundo, ele era um homem hoje cujo nome estaria ao lado de Orson Welles e gente assim. Então, ele era um homem extraordinário... é uma pena que ele tenha morrido tão jovem, quando ainda... Quanto a livro meu, Glauber pensou em filmar todos os livros meus e não filmou nenhum deles. Para mim... você diz se foi uma decepção? Não digo que seja uma decepção, porque acho que há um parentesco tão grande entre os grandes filmes dele, como o Deus e o Diabo na Terra do Sol, o Terra em Transe e sobretudo aquele O Dragão da Maldade..., em toda a sua temática do cangaço, do sertão, do latifúndio, da luta pela terra, etc... o que está na obra dele está na minha também.”

Fonte: http://medei.sites.uol.com.br/penazul/geral/entrevis/jamado.htm  (30/12/2011)

Graciliano Ramos

"Só sei que quando li Caetés achei que ali estava um grande escritor e que eu precisava conhecê-lo, mostrá-lo para o mundo. Por isso fui até lá (Maceió) e iniciamos uma amizade que durou enquanto ele foi vivo. E minha admiração por Graciliano só tem feito é aumentar depois de sua morte.

Fonte: Cadernos da Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

O autor de Caetés, São Bernardo, Vidas secas e tantos outros romances é um dos  mestres do romance contemporâneo. Eu sou apenas um modesto romancista baiano. Não há comparação ou paralelos com o autor de Memórias do cárcere”.

Fonte: O Globo, 08/08/2001

Gregório de Mattos

"Gragório de Mattos certamente me influenciou, ele influenciou a Bahia inteira. Vieira também, mas de uma forma diferente. O Vieira teve um tempo determinado e marcado. O Grgório, não. A influência dele estendeu-se até hoje, não é?".

Fonte: Cadernos da Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

Guimarães Rosa  

"Quando Rosa apareceu era uma coisa nova. Era algo que a gente precisava ler e conhecer e não tapar a vista e dizer 'isso não existe'. Foi preciso conhecer, reconhecer e discutir o Rosa... O Guimarães era um homem que tinha a sua obra na mais alta conta, o que era perfeitamente justo e válido. ele tinha uma dimensão exata do valor da sua obra... O Rosa é o mais importante, aquele que a gente olha, preza e se sente pequeno diante dele".

Fonte: Cadernos da Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

Jean-Paul Sartre

Sartre percorreu praticamente o Brasil inteiro de norte a sul, Entrou verdadeiramente em contato com a realidade brasileira. Era um momento em que a paixão o dominava: a luta pela libertação da Argélia; fez intervenções aqui, proclamou a liberdade das colônias, a luta contra o colonialismo, contra o imperialismo - ele a proclamou em todo o país. Foi admirável. Estávamos quase que diariamente com eles, Zélia e eu. E meu irmão James também. Recife, Bahia, as explorações de cacau, o sul do país. Rio, Brasília, São Paulo, todo lugar. Aprendi muito com Sartre, como aprendi muito ao lado de grandes personalidades".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

John dos Passos

"Quando eu estava nos Estados Unidos, John dos Passos, que voltava da Espanha, angariava fundos para os republicanos, e foi nessas circunstâncias que o conheci; não o revi mais. Eu tinha grande admiração por ele, pois foi realmente um escritor importantíssimo, que trouxe grandes progressos à técnica do romance. Creio que a literatura do nosso continente lhe deve muito."

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Jorge de Lima

"Havia um grupo muito bom em Alagoas, um grupo notável; e que tinha como figura quase tutelar Jorge de Lima, o grande poesta que anos mais tarde fixou moradia no Rio. O poeta que todo o Brasil conhecia, devido a seu célebre poema Nega fulô... Depois disso ele fez O anjo, uma tentativa de romance surrealista muito estranho, fez Calunga, um romance que foi remodelado, retrabalhado. Em seguida apareceu a poesia escrita em colaboração com Murilo Mendes, uma poesia de orientação católica, e, finalmente, A invenção de Orfeu, que é o livro mais importante de sua obra poética e um dos mais importantes do Brasil. Jorge de Lima era uma criatura adorável, eu o conhecia bem, eu o amava muito.

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Jorge Luis Borges

"Há aqueles que eu amo e os que admiro. Admiro Borges e Octavio Paz. Amo Vargas Llosa e Ernesto Sábato".

Fonte: Istoé, 29/07/1992

 

José de Alencar

É verdade. Eu me identifico mais com o Alencar - aquela determinação de dele em fazer um romance brasileiro.

Fonte: Cadernos de Literatura Brasileira, nº 3, mar. 1997

José Américo de Almeida

No Brasil a crítica não é séria. A importância de José Américo de Almeida é maior do que se pensa. Acho A bagaceira um livro fundamental”.

Fonte: Istoé, 29/07/1992

Mas ficamos alucinados quando em 1928 apareceu A Bagaceira, de José Américo de Almeida; reconhecíamos no livro de José Américo tudo aquilo a que aspirávamos; ele nps falava da realidade brasileira, da realidade rural como ninguém o fizera antes. A Bagaceira teve grande influência nós. Todos nascemos ali, nós os romancistas chamados 'do Nordeste', José Lins do Rego, Rachel de Queiroz  e eu - Graciliano Ramos também, mas talvez de uma maneira um pocuo diferente..."

Fonte:RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

José Sarney

"Em 85, os escritores de São Paulo pertencentes a União Brasileira dos Escritores decidiram celebrar através de um novo congresso o aniversário do Congresso de 45. O tema foi o combate pela democracia, no momento em que se consumava a derrota dos militares. Numerosos escritores participara, e Sarney pronunciou um discurso muito important. na ocasião ele era vice-presidente da República, Tancredo Neves vivia seus últimos dias no hospital. Sarney fez ali seu primeiro discurso como presidente da República, ainda sem ter tomado posse do cargo. Afirmou que de qualquer maneira o programa de Tancredo seria realizado. A presença de Sarney foi importante. estava acompanhado por muitos outros escritores que participaram do Congresso de 45, Pompeu de Souza, Carlos Castello Branco, eu e outros com horizontes variados; liberais como Luís Viana, e outros claramente de esquerda como Ferreira Gullar ou Darc Ribeiro, que foram com ele ao Congresso para confirmar a unidade entre os escritores naquele momento".

Fonte:RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Juscelino Kubitschek

Você é ainda muito menino, não viu o que foi o governo de Juscelino. Meu amor, o pau que Juscelino levou, nem Sarney está levando. O que menos se dizia de Juscelino era que tinha roubado o Brasil todo e tinha posto nas contas do estrangeiro. Eu me lembro de uma reportagem em manchete: "É a sétima fortuna do mundo a de Juscelino". Você vê. Hoje há um culto a Juscelino, ou seja, se reconhece o que Juscelino é, de forma que o Brasil andou no tempo. Eu me lembro que no tempo da ditadura militar, eu um dia estava parado na avenida... no Corredor da Vitória, na Bahia, eu esperando meu carro chegar para sair, e um senhor que estava na frente de mim para pegar um ônibus me disse assim: 'Cada vez que (naquele tempo só tinha Volkswagen), cada vez que passa um carro deste vejo o quanto Juscelino foi grande'. No entanto este homem levou um pau que... ele viveu amargurado, porque ele levava isso muito a sério”.

Fonte:http://medei.sites.uol.com.br/penazul/geral/entrevis/jamado.htm  30/12/2011

Lima Barreto

“Fala-se em todo mundo. Celebram-se gênios que o foram sempre familiares, sempre entre amigos. Mas Lima Barreto é como se não houvesse existido. Ninguém fala nele. Ele é perigoso... Não é bom dar um livro de Lima aos moços porque ele descrevia a miséria da vida dos pobres do Brasil... E, calmamente, discretamente, os honestos intelectuais que dominam as letras brasileiras fizeram o silêncio em torno do nome do maior romancista do Brasil.”

Fonte: Fundação Casa de Jorge Amado (Depoimento em 1935)

Luciana Stegagno Picchio

Uma ótima amiga, que além disso é uma das maiores especialistas em literatura brasileira - é a autora de História da Literatura Brasileira, que, dizem, é a melhor que existe. Talvez. Ela conhece muito bem o meu trabalho, sobre o qual escreveu muito. Prefaciou a edição italiana para poder situar o livro".

Fonte :RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Lúcio Cardoso

“É um bom escritor, embora eu não concorde com suas idéias direitistas.”

Fonte: Gazeta Mercantil, 21/01/2001

Luís Cláudio Daltro

“ele traz no sangue o demônio da literatura, é um escritor autêntico, cheio de generosa ternura pelos homens, sabendo compreendê-los, viver seus dramas, transportá-los em obra de arte”. “O desencontro”, romance de estréia de Luís Cláudio Daltro, foi lançado em 1993, e logo de início foi recebido com elogios. Jorge Amado enviou uma carta ao jovem, na época com 20 anos de idade, na qual admitia que Daltro era “uma decidida vocação de escritor, e se trabalhar com dedicação, afinco e humildade poderá vir a ser um excelente romancista”. As palavras do mestre são lembradas com carinho até hoje. “A forma como ele falou sobre o livro foi muito sincera. Achei perfeito o conselho que ele deu para encarar a tarefa de escrever como um trabalho e de continuar com a modéstia”, relembra Daltro.


Fonte:Tribuna da Imprensa – Rio de Janeiro, 28/09/1998

Manuel Antonio de Almeida

"Manuel Antônio de Almeida, apesar de autor de um único livro, a meu ver, tão importante quanto estes dois e com uma matriz sua própria, que não é nem a de Machdo nem a de José de Alencar".

Fonte:http://medei.sites.uol.com.br/penazul/geral/entrevis/jamado.htm

(30/12/2011)

Mário de Andrade

"Com Mário de Andrade, que em 1936, quando da publicação de Mar me nomeou doutor em romance, e de quem eu era admirador, mantive relações cordiais. Nem sempre tão cordiais, pois meu radicalismo partidário me levou em certos momentos a discordar dele. Eu era um comuna sectário e Mário era intocável. Não chegamos a ser amigos".

Fonte: LUCENA, Suênio Campos de. 21 escritores brasileiros: uma viagem entre mitos e motes. São Paulo: Escrituras, 2001.

Mário Palmério

"Ele era um escritor muito importante, além de um bom companheiro da Academia Brasileira de Letras. Infelizmente, vivia retirado em Minas Gerais, não saía para canto nenhum. Sou leitor dos livros dele, ele era um ficcionistas muito bom.”


Folha de São Paulo – 26/09/1996

"E aqueles que não eram ricos eram protegidos dos ricos, como foi o caso de Mário de Andradr, protegido por aquela riquíssima senhora de São Paulo, Dona Olívia Penteado, a grande dama do modernismo- foi ela quem o levou para a famosa viagem à Amazônia. O Modernismo foi patrocinado pelos hmens ricos de São Paulo, como Paulo Prado, autor de Retrato do Brasil".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Mario Vargas Llosa 

"Há aqueles que eu amo e os que admiro. Admiro Borges e Octavio Paz. Amo Vargas Llosa e Ernesto Sábato".

Fonte: Istoé, 29/07/1992

 

Moacyr Scliar

"Outro jovem escritor a quem estou muito ligado é Moacyr Scliar, primo do meu amigo, o pintor Carlos Scliar".

Fonte :RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Monteiro Lobato

"É curioso que se tenha um romance do Rio, do Ceará, do Maranhão, um romance gaúcho, enquanto São Paulo jamais foi fértil em narrativas ou em romances, ao menos grandes romances - salvo, evidentemente, algumas excessões; Macunaíma, Serafim, João Miramar, quesão três exemplos, os contos de Alcântara Machado, e principalmente Monteiro Lobato, que é de longe o maior, e de alguns outros... mas são excessões".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Nelson Pereira dos Santos

"Senti-me muito honrado por Nelson Pereira dos Santos querer fazer um filme de Tenda dos milagres e cedi-lhe os direitos de adaptação em troca de um pagamento simbólico”

Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/1981   

 

"Somente Glauber se compara a ele (Nelson Pereira dos Santos), são os dois grandes mestres. Muito diferentes".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Origenes Lessa

"Sempre fui de opinião que Orígenes Lessa é um dos maiores contistas de toda a história literária brasileira".

Fonte: Manchete (anos 80)

Octávio Paz

"Há aqueles que eu amo e os que admiro. Admiro Borges e Octavio Paz. Amo Vargas Llosa e Ernesto Sábato".

Fonte: Istoé, 29/07/1992

 

Oswald de Andrade

"Fui admirador e amigo de Oswald de Andrade. Numa época em que sua obra e sua atuação eram contestadas e negadas, fui dos poucos a proclamá-lo escritor fundamental nas letras brasileiras, grande poeta e romancista. Fomos amigos fraternos. Nos idos de 1945, mesqunharias da vida partidária colocaram distância em nossas relações. Considero que Oswald escreveu dois dos romances mais importantes da nossa novelística: João Miramar e Serafim Ponte Grande, além de ter sido um poeta extraordinário".

Fonte: LUCENA, Suênio Campos de. 21 escritores brasileiros: uma viagem entre mitos e motes. São Paulo: Escrituras, 2001.

Otávio de Faria

"...Creio que isso condicionou a literatura na década de 30. E não me limito ao pensamento de esquerda, que marca um grupo de escritores, ou de direita que marca um outro grupo, e que inclui, por exemplo, Otávio de Faria, que é a meu ver um grande romancista".

Fonte: O Estado de São Paulo,17/05/1981  

 

Pablo Neruda

"Neruda foi, sem dúvida, o companheiro mais próximo naqueles tempos. Ele era meu compadre. Foi padrinho de minha filha Paloma e madrinha de João Jorge".

Fonte: Cadernos de Literatura Brasileira, mar. 1997

Pierre Verger

"Na África ensinou e aprendeu não apenas a rota completa dos navios
negreiros, ainda mais a trajetória do mistério, fez-se feiticeiro, Pierre Fatumbi Verger. No terreiro do Axé Opó Afonjá, Mãe Senhora, a inesquecível, sentada em seu trono de Xangô, proclamou-o Ojubá, os olhos de Xangô, aquele que tudo enxerga e tudo sabe. Nas casas de santo da Bahia, fez-se figura familiar, o mestre de todos nós, o igual de
cada um no respeito e na cordialidade da vibração dos atabaques. Professor, pesquisador, fotógrafo, escritor, na Bahia ele é Pierre Fatumbi Verger Ojubá”.


A Tarde – Salvador – 04.11.1995

Rachel de Queiroz

“E quando Rachel chegou ao Rio, passamos o tempo todo juntos, Foi em grande parte sob sua influência que eu efetivamanete me engajei no movimento comunista.”

Fonte: RAILLARD. Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990

 

Roberto Rosselini

"Ele veio para cá, viajou para todo lado e me pediu paraque escrevesse 13 histórias: uma que se passava no Rio Grande do Sul, outra em Goiás - a construção de Brasília estava em seu início -, outra no Nordeste - Ceará, Recife, Bahia, que sei eu?... Manaus, os índios... era preciso que fossem 13. Depois ele voltou `Iália para montar a produção dizendo que me telegrafaria oito dias depois. Seis meses mais tarde ele me mandou um elegrama perguntando se os direitos de Jubiabá estavam disponíveis! Nenhum destes filmes jamais foi realizado. Mas era um homem de quem eu gostava muito, como pessoa e como artista. É um amigo no qual penso com... pesar. Sou amigo de seu filho Renzo Rosselini".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Raul Bopp

"Raul Bopp, o poeta gaúcho, um dos meus grandes amigos. Raul e eu alugamos juntos uma casa em Ipanema, mas juntava tanta gente naquela casa que Raul, que gostava de sua intimidade, terminou alugando um quarto na casa em frente!”

Fonte: Fonte: RAILLARD. Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990

Rubem Braga

"Rubem Braga lembrou não sei onde que seu primeiro livro de cntos, O conde e o passarinho, foi publicado pela José Olympio, com a minha intermediação".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Sábato Magaldi

“Sou velho leitor de Sábato Magaldi, ensaísta e crítico de teatro de alta qualidade. Votei nele para a Academia”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/1995

 

Samuel Wainer

"Há alguns anos - lembro-me como se fosse ontem -, eu esperava o elevador com Samuel Wainer, um de meus grandes amigos, um homem maravilhoso, dos melhores seres que conheci em minha vida... ´Éramos amigos fraternos. Eu ia tomar o elevador com Samuel quando, de repente, ele disse: 'Há tempos que tenho uma pergunta; é a respeito de Mar morto. Aquele tio de Guma, que aparece e que o velho Francisco expulsa de sua casa; por que ele faz isso?' Refleti e lhe disse 'Não sei, nunca soube'. E realmente não sei".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

San Thiago Dantas

"Entre as pessoas que eu frquentava, havia Américo Jacobina Lacombe, meu confrade na Academia, San Thiago Dantas, depois líder integralista, e ; mmais tarde, no fim de sua vida, um homem de esquerda; morreu sendo de esquerda, nacionalista, perseguido pelos militares".

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

Sérgio Mattos

“Sérgio Mattos busca e obtém as formas simples. Nunca vulgar, no entanto, sabendo conservar certas nuanças de sombras, recônditas,
que concedem à sua clareza fundamental uma condição literária de real qualidade”.


Fonte: Tribuna da Bahia – Salvador – 26.08.1998

Sergio Milliet

“Um grande crítico literário, Sergio Milliet, de quem fui amigo fraterno e que sempre foi muito generoso comigo em suas críticas, observou certa vez, creio a propósito de Terras do sem-fim, que eu era muito melhor retratista de homens do que de mulheres”.

Fonte: O Estado de São Paulo, 17/05/1981 

Yves Montand

"Levo um soco no peito ao ouvir a notícia da morte de Yves Montand (...) Nós o conhecemos, a ele e Simone Signoret, em 1948, na França, no anos de exílio, de euforia comunista, tempo de certezas, as dúvidas não haviam ainda começado".

Fonte: O Globo, 07/08/2001

Vinicius de Moraes

“E, quando eu era estudante, freqüentei muito certas pessoas das quais eu inclusive discordava – entre eles Vinícius de Moraes, que era então um dos chefes da chamada... direita. Sim, Vinícius naquela época!... Um dia ele deu uma entrevista em que dizia que na faculdade, para ele, eu era o diabo. Estávamos em extremos opostos... Depois isto mudou...”

Fonte: RAILLARD, Alice. Conversando com Jorge Amado. Rio de Janeiro: Record, 1990.

 

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