por Guimarães Rosa
"Mas não deve se transformar em um computador. Não se deve abandonar as zonas do irracional, ou então deixa de produzir literatura e só produz papel. Flaubert, Dostoievski, eram sacerdotes da palavra; Zola, ao contrário, foi apenas um charlatão e por isso, hoje nada significa para nós, pois a necessidade que suas palavras expressam não existe mais . Assim acontece com todos os que ligam à necessidade do dia-a-dia o seu chamado compromisso e além disso não possuem as faculdades linguísticas necessárias para poder fazer literatura... De cada cem escritores, um está aparentado com Goethe e noventa e nove com Zola, A tragédia de Zola consistiu em que sua linguagem não podia caminhar no ritmo de sua consciência. A consciência está desperta, mas falta o vigor da língua. A maldiçã odos costumes é notada e os autores aceitam sem crítica a chamada linguagem corrente, porque querem causar sensação, e isso não pode ser".
Fonte: LORENZ, Gunter W. Diálogo com a América Latina. S.Paulo: E.P.U., 1973.
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