I. Prefácio – Fábio Lucas: Como escrever?
II. Apresentação – Moacyr Scliar: No mundo da idiossincrasia
III. Introdução – Ignácio de Loyola Brandão: Desvendar mistérios
IV. Princípios – José Domingos de Brito: Dos mistérios da criação literária
Parte I
Depoimentos
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Parte II
Bibliografia resumida
SCHOPENHAUER, Athur – ALENCAR, José de – BINET, A.; PASSY, J. – RILKE, Rainer Maria – GORKI, Máximo – CHARENSOL, G. – MALPIQUE, Cruz – ALBALAT, Antonio – BUENO, Francisco da Silveira – MOISÉS, Massaud – PERISSÉ, Gabriel VARGAS LLOSA, Mario – SANT’ANNA, Affonso Romano de – RAMÓN NIETO GARCEZ, Lucília H. do Carmo – ECO, Humberto – SABINO, Fernando; ANDRADE, Mario de – CARRERO, Raimundo
Prefácio
Fábio Lucas
Enquanto a questão "por que escrever?" procura investigar o processo discursivo como formador do "eu", a pergunta "como escrever?" encara de preferência o aspecto instrumental da palavra. Ou, visto de outro ângulo, os modos como o escritor utiliza o aparato necessário ao registro do texto, enquanto elabora o parto da criação.
No primeiro caso, teremos opções de gênero literário ou motivações temáticas; ou, ainda, relativas aos apelos do público e da época. O escritor delineia o leitor a que se dirige e pré-formaliza o conteúdo da mensagem.
Na segunda hipótese, o autor lida com os meios: lápis, caneta, máquina datilográfica, computador, tendo em mente a objetivação da mensagem, o conforto físico e a economia de tempo.
Apesar de somente ter acesso ao lado pedestre do escritor, o leitor certamente colherá exemplos e sugestões, aproximando-se do indevassável interior do escritor, onde se encontram as adormecidas palavras à procura de articulação num discurso literário. Tudo lhe é novo e serve de estímulo à conquista da face oculta do ser humano.
Mais ainda: na linha do como escrever subjazem a noção de estilo e a de aprendizado. O estilo se designa como uma emanação original e intransferível. Um idioleto, um corte idiossincrático, em confronto com os signos compartilhados, aqueles que se buscam na Gramática, nas regras de bem escrever, que formam exemplos A. Albalat (cf. A formação do estilo pela assimilação dos autores, 5a ed., Lisboa, Liv. Clássica, 1944), Artur Schwab (Novas louçanias de linguagem, Juiz de Fora, Esdeva, 1975, e Novíssimas louçanias de linguagem, Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1982) e Laudelino Freire (Linguagem e estilo, Rio de Janeiro, A Noite, s. d., e Regras práticas para bem escrever, Rio de Janeiro, A Noite, s. d.).
Albalat se preocupava com o modo de escrever baseado na lição dos clássicos. A versão de sua obra para o Português se deveu significativamente a Cândido de Figueiredo, autor de, entre outras, Falar e escrever e O que se deve dizer.
Na apresentação de Regras práticas para bem escrever, Laudelino Freire diz: "Este ementário deve ser para o escritor o que para o sacerdote é o breviário: livro de regras que ele deve ler todos os dias, como todos os dias lê o sacerdote o seu livro de orações".
Notável documento a ressaltar o espírito regulador e normativo da época, associando o uso da língua à prática religiosa, ambas as esferas dominadas pela noção de ordem.
Diríamos, para resumir: o "por que escrever?" tem a ver com a textualidade, ou seja, com a inserção do indivíduo no mundo das relações, com o aprendizado da fala e a organização do repertório. Algo de tão substancial que entende com a própria razão de existir; já o "como escrever?" alinha-se no campo da "gramaticalidade" e associase ao âmbito das regras ou das noções preestabelecidas.
Durante a vigência do Estruturalismo, falou-se muito no texto como a máquina de significar e na sua composição e posterior decomposição, a fim de que o analista procurasse nele as leis de funcionamento.
Tal configuração da dinâmica textual aproximava o intérprete da pulsão do "como", do mesmo modo como se surpreende uma criança a "desmontar" o brinquedo, com o propósito de conhecer como ele é "por dentro" - a eterna curiosidade sobre aspectos da coisa e seus modos de ser.
Mário de Andrade definiu o seu processo de criação poética como a junção da palavra à crítica, de tal forma que inicialmente o poeta lança na página em branco a primeira versão do poema, no embalo do fluxo da criação. Depois, passado algum tempo, o autor deveria regressar ao texto para corrigi-lo, realizar as podas e acréscimos necessários à melhor expressão. A conquista da oralidade.
Desde que autor e obra se tornaram "públicos", graças ao ordenamento da sociedade moderna, burguesa e urbana, dirigida ao mercado e à compra e venda dos produtos literários, é natural que o "consumidor conspícuo" queira saber tudo acerca de seu ídolo. No ativado sistema de circulação de objetos e símbolos, todos reunidos sob a forma de mercadoria, nada mais natural que se formem sentimentos de sacralização do objeto e se despertem ávidos interesses de se apropriar dos sinais distintivos do autor ou da obra recobertos de uma aura santa.
Daí a pertinência do "como escrever". A informação monumentaliza o autor e atende à curiosidade suplementar do leitor, que deseja ir além da obra. O "como" pode condensar-se num fetiche, num ato mental de transferência .
A questão posta diante do autor - como escreve? - acaricia o seu ego, açula o seu lado exibicionista, alia-se à fama, põe juntos o autor e as suas palavras artísticas, sequiosos por se darem em espetáculo.
Dá-se a ampliação do aspecto adjetivo, instrumental, da arte da escrita. Além de se indagar a condição primeira que motiva o escrevente, quer-se conhecer a peculiaridade de cada uma para atingir seu objetivo.
Cremos que tal indagação floresceu ante a transformação do ato privado do escrever em atividade pública. Inicialmente, o escritor se dirigiu aos seus iguais. Depois, ao público, entidade anônima, mas qualificadora de seu trabalho. É quando vem a imprensa e se coletiviza a divulgação da escrita que o autor se liberta do controle religioso e ideológico do registro das palavras. Seculariza-se a expressão e perde-se, em parte, a dominação dos conteúdos.
Tornando-se o autor e a obra entidades públicas, circulantes, desperta-se a curiosidade do leitor acerca dos "porquês" e "comos" da produção literária.
No Brasil, convém lembrar os "arquivos implacáveis" de João Condé, que externalizaram muitas vezes o "como" de vários escritores. Uma curiosidade de bastidores. A designação de "arquivos implacáveis" veio de Carlos Drummond de Andrade, cuja frase passou a presidir as páginas jornalísticas de João Condé: "Se um dia eu rasgasse os meus versos, por desencanto ou nojo, não estaria certo de sua extinção: restariam os arquivos implacáveis de João Condé".
Era o que encontrávamos nas páginas centrais do célebre suplemento literário "Letras e Artes", que acompanhava o jornal domingueiro de A Manhã (1948 e 1949).
Do mesmo modo, a revista de maior circulação do país, O Cruzeiro (1952 a 1958), transcrevia, como o "Letras e Artes", fotos, originais, confidências, assinaturas, fac-símiles e respostas dos principais escritores brasileiros, além de um questionário repleto de questões provocativas e surpreendentes. Era o próprio flagrante da "vida literária" posto nas mãos do consumidor.
Havia mesmo uma subseção chamada "biografia do livro", na qual o autor fornecia os elementos genéticos da obra. Ali pululavam os "comos" da atividade do escritor.
Assim, na esteira de G. Charensol, autor de Comment ils écrivent (Paris, Montaigne, 1932, prefácio de Fernand Vanderem), José Domingos de Brito, notável pesquisador, consagrado autor de Por que escrevo? (2ª ed. São Paulo: Novera, 2006), vem a lume a fim de trazer o produto de mais uma de suas incansáveis investigações: Como escrevo?
A tarefa levou-o a auscultar inúmeras fontes literárias, nacionais e estrangeiras, a fim de que respondam acerca do modo como os artistas da palavra se comportam no momento de lançar no papel ou na tela do computador os signos particulares de sua criação. Aqueles que se tornarão o deleite e a paixão do leitor.
Serenos ou aflitos, calmos ou nervosos, lúcidos ou ingênuos, na obra desfilam incontáveis escritores a revelar mais uma faceta da imorredoura ilusão literária.
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Fábio Lucas é
Professor, Crítico literário e membro das Academias Paulista e Mineira de Letras.
Apresentação
Moacyr Scliar
Duas perguntas são feitas freqüentemente a escritores. A primeira delas: de onde vêm as idéias para os textos? A segunda: como é o seu processo de criação literária? Diga-se desde já que raramente escritores darão respostas iguais, ou mesmo parecidas, para qualquer uma dessas duas indagações. Em primeiro lugar, porque, na verdade, não têm certeza quanto a essas respostas. Aliás, na área da criação (literária, ou artística, ou científica) ninguém tem certeza de nada. A chamada inspiração ainda é um mistério. Sim, ao contrário do que pensavam os gregos, ela não vem das musas; mas de onde vem, então? Já se identificaram, no cérebro humano, numerosos centros responsáveis por tal ou qual atividade mental; mas o centro da “inspiração”, este ainda não foi encontrado e, provavelmente, não o será tão cedo. O que, diga-se de passagem, não é de todo mau. Um pouco de mistério dá gosto à existência.
Em matéria da criação propriamente dita, do fazer literário, a resposta deveria ser mais fácil. Afinal, trata-se de uma atividade em grande parte consciente; as pessoas podem contar como trabalham. Mas aí a dificuldade é outra, a dificuldade é de método, de procedimento, de rotinas. Coisas que podem ser padronizadas na ciência e na tecnologia, mas não o são na literatura. Claro, existem pressupostos básicos, como a correção ortográfica, a técnica adequada de redação; mas daí em diante encontraremos uma enorme variabilidade. Há escritores que planejam rigorosamente o que vão escrever, outros que deixam a história fluir espontaneamente. Há escritores que escrevem pela manhã, outros, à tarde, outros, à noite; alguns, à mão, outros, em computador. Clarice Lispector escrevia com a máquina no colo. Hemingway escrevia de pé. García Márquez tem de fazer a ponta em uma dúzia de lápis, antes de começar – lápis que, diga-se de passagem,ele não usa. Uns trabalham ao som de música, outros desenham. Ou seja: nesta atividade, a regra é não ter regras.
É o que José Domingos de Brito nos mostra na fascinante coletânea que organizou. O que nós temos aqui é um passeio pelo mundo do trabalho literário. E a conclusão é óbvia: jamais daria para colocar escritores trabalhando em algo semelhante a um escritório ou a uma linha de montagem. Estamos no mundo da idiossincrasia. Um mundo com o qual os escritores, alegre ou resignadamente, convivem.
Moacyr Scliar
Escritor e membro da
Academia Brasileira de Letras
Introdução
Ignácio de Loyola Brandão
Quem não gosta de saber como as coisas são feitas? Por que os bastidores exercem tanto fascínio? Conheço gente que se coça toda no teatro, querendo saber o que acontece nas coxias, como o teatro funciona por trás, como são as entradas em cena, como trabalha o contra-regra.
Este livro do Brito pertence a uma série que busca desvendar mistérios da criação. São muitos. Como os escritores escrevem? Por que escrevem? Cada um tem um processo, um método, um sistema, uma idiossincrasia, uma superstição e muitas manias.
Escritores são pessoas maníacas e obcecadas. Quando estão produzindo alguma coisa, comem, dormem, bebem e transam com o texto. Só o texto importa, nada mais. Por instantes, escritores vivem. Depois, por instantes escrevem. Em que ponto vida e escritura se separam e onde se mesclam, se confundem, quando não sabe mais o que é vida ou literatura? Na verdade, literatura é vida e vida é literatura.
Brito foi à caça, dando tiros em muitas direções, porque os escritores aqui são de idades diferentes, gerações variadas, gêneros os mais díspares. Cada um respondeu de uma maneira, de modo que vamos encontrar inúmeros caminhos, atalhos, pontes, segredos, mistérios.
Eu, por exemplo, adoro saber se alguém escreve sentado, ou de pé, com caneta, ou lápis, ou computador. Tem até quem escreve com máquina de escrever, o que deve dar trabalho, porque não existem mais oficinas de manutenção. Gosto de saber o princípio, de onde vem a idéia de um e de outro. Se de uma palavra, uma imagem, um sonho, uma sensação, uma impressão, uma paisagem, um olhar, um gesto.
O embrião da criação é infinito, maravilhoso, delicioso, divertido, ameno ou sofrido, repleto de angústia ou prazer. Tudo isso, Brito tenta mostrar em um livro que nos alegra, nos estimula. Mas há também quem nos decepcione com suas respostas. Quem? Imaginem se vou contar...
Ignácio de Loyola Brandão
Escritor e editor da revista Vogue
Princípios
José Domingos de Brito
Investigar mistérios da criação é tarefa inglória, para não dizer insensata, mesmo quando se conta com uma boa base de dados e informações. Talvez, por isso mesmo, seja tão instigante, tão necessária à evolução da condição humana, que almeja assemelhar-se a Deus. Criação é um afazer humano qualquer que extrapole os limites da individualidade no tempo e no espaço, onde apareça e permaneça.
O que estamos investigando não se trata de um afazer humano qualquer, e, sim, da mais prestigiada e respeitada profissão: escritor ou literato, para distinguir aqueles que vivem para a escrita, mesmo que não dependam dela para viver. Pois, este é o caso onde se dá a entrega sem cobrança de reciprocidade, como só acontece com o escritor propriamente dito. Prestígio e respeito, portanto, são os únicos prêmios garantidos pela sociedade ao trabalho do escritor. Veja o reconhecimento público e o prestígio internacional do Prêmio Nobel de Literatura dentre as premiações em outras artes e ofícios. Ferreira Gullar, falando francamente numa entrevista mais alongada, desabafou: “Nós, poetas profissionais do poema, podemos nos sentir até lisonjeados pelo fato de as pessoas nos considerarem como tais, já que não valemos nada no mercado, não servimos para coisa alguma”. (1)
Para alguma coisa devem servir, caso contrário não seriam bafejados pela fama. Porém, o que faz realmente o escritor para merecer tanto prestígio? Além do entretenimento que a literatura proporciona, em que mais contribui para a melhoria da qualidade de vida? Por acaso, poder-se-ia dizer que os autores da Divina comédia, Dom Quixote ou Guerra e paz contribuíram menos que Galileu, Lavoisier ou Einstein para o progresso da humanidade? Dificilmente alguém teria coragem de afirmar isto, mesmo porque são contribuições diferentes, de difícil comparação. Mas a cultura tradicional e utilitária tende a atribuir mais significado à produção científica, que gera produtos em vez de conhecimento, prazer, reflexões ou simplesmente lazer.
Vê-se que a literatura ajuda a construir efetivamente um mundo melhor. E não se trata apenas de uma construção abstrata, fábrica de sonhos, ideais e ilusões para servir como válvula de escape aos tormentos do cotidiano, o que não invalida sua importância e cumprindo um papel fundamental na sociedade. Trata-se da construção de conceitos, costumes, valores, direitos, deveres, da feitura de uma ética em cada etapa do desenvolvimento humano, enfim. Vale lembrar a frase lapidar de Vargas Llosa: “Não se escrevem romances para contar a vida, senão para transformá-la, acrescentando-lhe algo” (2). Conforme Mario Benedetti ensina, “quando o escritor possui fantasia suficiente para inventar uma verdade e não uma mentira, curiosamente essa verdade se casa com a realidade”. Aí está a literatura como uma das forças propulsoras de transformação social. “Quantas vezes um narrador ou poeta sentem que seu mundo inventado não é, em última instância, uma correção da realidade passada, mas uma proposta de realidade futura”, (3) arremata o mestre.
Este segundo volume da obra Mistérios da Criação Literária segue os mesmos passos do primeiro, só que de modo mais arriscado. Quando ainda nem pensava na edição de Por que escrevo?,(4) mas já contando com uma quantidade razoável de respostas, quase caí da cadeira ao deparar com o livro Pourquoi écrivez-vouz?, (5) publicado em 1985 pelos editores do jornal Libération, de Paris, contendo mais de 400 respostas. Poucos anos depois, verificando a freqüência com que os jornalistas também perguntam ao escritor: Qual o seu método de trabalho? Como você escreve?, achei por bem dar início à feitura de um segundo volume relacionando essas respostas. Pois bem, em 1996 me encontrava no topo de uma escada num sebo de São Paulo, em busca de algo que pudesse interessar ao projeto, quando me surpreendi ao deparar com um livro que quase me fez cair da escada: Comment ils écrivent, (6) publicado em 1932.
O livro, publicado por G. Charensol, integra a coleção L’histoire Littéraire, da Éditions Montaigne, e traz o depoimento de 50 ilustres escritores dessa época, entre os quais Paul Valéry, Jean Cocteau, Colette, François Mauriac, André Maurois e Georges Simenon. Cada depoimento, contido em duas ou três páginas, inclui ainda um breve comentário do autor sobre o escritor e a maior parte deles contém o fac-símile de um manuscrito com correções do escritor. Com isso, minha coleção de respostas à pergunta “como escrevo?” saltou para quase 200 e certificou-me da necessidade de publicar este segundo volume.
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1 - Gullar, Ferreira. Entrevista. Poesia sempre. Rio de Janeiro, Biblioteca
Nacional, ano
6, no 9, mar. 1998.
2 -Vargas Llosa, M. A verdade das mentiras. São Paulo: Arx, 2002.
3 - Benedetti, M. Tem sentido escrever? São Paulo: Escrita. , v. 14, no 2, 1976.
4 - Brito, J. D. Por que escrevo? (Mistérios da Criação Literária, v. 1). 2a ed. São
Paulo:
Novera, 2006.
5 - Fogel, J.-F.; Rondeau, D. (orgs). Porquoi écrivez-vouz? 400 écrivains
répondent. Paris: Libération/Librarie
Générale Français pour les Bibiographies,
1985.
6 – Charensol, G. Comment ils écrivent. Paris: Montaigne, 1932.
José Domingos de Brito
Chefe do Centro de Documentação
do Parlamento Latino-Americano
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