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Cinema
Antonio Olinto

"O jornalista que descreve, procura colocar o leitor em posição visual de compreender o acontecimento, a narrativa, como localizados num determinado espaço. Há, em geral, necessidade de serem reerguidas, pedaço por pedaço, as paisagens que circundam os fatos e têm, às vezes, com eles, íntima relação. É um trabalho de verdadeiro arquiteto literário, preocupado em construir, ou em reconstruir, os interiores e exteriores em que as cenas se passam, de um modo quase cinematográfico, modo que o século XX tornou mais comum no romance universal, como decorrência mesma do cinema. O retângulo da tela mostra lugares, objetos, tem aquela ‘objetividade’ que Maupassant preconizava para a ficção poucos anos antes da invenção do cinema. O próprio aparelho, que focaliza, que enquadra as cenas, tem o nome de ‘objetiva’ e isto acabou determinando a linha de narração com pormenores no espaço, tanto para a reportagem como para uma classe de romance. É o que se poderia chamar de ‘objetivação especial de uma história’.

Fonte: OLINTO, Antonio. Jornalismo e literatura. Rio de Janeiro: MEC – Ministério da Educação e Cultura, 1955.

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