"A poesia vai na minha frente. Eu tento acompanhá-la, segurá-la dentro de determinada forma, mas ela é muito mais forte do que eu. O que eu tenho visto é que as formas explodem quando a palavra busca existir na sua plenitude sobre a página. Jamais eu busco diretamente o sentido, o sentido é que me busca. Quando começo um texto, não sei o que vai ser; vou vendo o texto ir se formando à medida que as palavras vão me levando e o fio do pensamento correndo. De repente eu vejo que o poema está pronto. Vejo também que os meus poemas começam a formar uma verdadeira comunidade, que é o livro, como aqueles jogos de armar da infância: começam a juntar e vê-se que o livro está pronto. Uma característica minha é que eu não sou autor de poemas, eu sou autor de livros: os poemas vivem independentemente, mas também em função da aldeia que é o livro".
Fonte: RICCIARDI, Giovanni. Auto-retratos. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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