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Como escreve?
Edilberto Coutinho

"Escrevo sempre à máquina. Tenho uma letra péssima e, passado algum tempo, não entendo as próprias anotações, que ocasionalmente faça. Reescrevo muito. As modificações, em geral, visando à maior clareza, maior eficácia literária. Essa luta com a expressão, da qual, raramente se sai vencedor. Quase sempre, vencido. A gente fica pensando que haveria sempre uma forma melhor de dizer a mesma coisa. Mas, veja bem, não estou colocando o aspecto conteudístico em segundo plano. As duas coisas têm de vir juntas - forma e conteúdo - para que a literariedade do trabalho fique bem caracterizada. Fujo do beletrismo, à sedução da palavra pela palavra. Mas, por outro lado, não se pode pensar num abastardamento formal, tratando-se de literatura em nome de uma tentativa de comunicação mais fácil com o público. Isso é demagógico e até meio fascista, como uma tentativa de obter o nivelamento por baixo. Repudio o rebuscamento formal, mas, ao mesmo tempo, exijo do trabalho literário que seja bem elaborado. É mais fácil escever 'complicado'. A simplicidade é difícl, muito difícl".

Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escrever 1. Port Alegre: LP&M, 2008.

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