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Como escreve?
Salgado Maranhão

"Estou, quase sempre, em estado de poesia. Mesmo quando não escrevo. O que busco em meu verso é a expressão genuína que, de tão complexa, pareça simples. Não é fácil alcançar isso, pois não pode ser forçado para não ficar falso. Nas artes em geral, e em particular na poesia, eu procuro o que me surpreenda, a torteza inusitada que me arranque do chão e me faça indagar: como foi possível alguém achar tal viés? Isso para mim é o que faz a língua andar, ganhar contornos e infinitude. E a palavra está no cerne da questão. Não a palavra fria dos dicionários mas, sobretudo, a palavra lanhada na existência. Para mim, é necessário para um poeta que pretenda fazer algo relevante, com voz própria (e só interessa o que tem voz própria, pois a arte é o primado da individualidade) tenha, além do dom, uma vivência singular, já que ser poeta é correr risco. O próprio Vinicius já dizia: o poeta só é grande se sofrer".

Fonte: http://www.jornaldepoesia.jor.br (04/01/2013

"A diferença de um poeta experimentado com os espasmos da poesia e de um iniciante, é que este se apaixona pelo voo inicial e se imagina em alturas ainda não alcançadas. Mas, aquele que tem conhecimento dessas motivações do mistério de ser poeta, sabe a hora de tomar a rédea do voo. Porém, a técnica só é para ser usada quando antes tenha havido um descolamento da percepção racional mediana. O discurso poético não obedece a uma lógica previsível, do contrário não haveria necessidade de sua existência como um mero simulacro da razão. Portanto, o debate dualista inspiração X técnica, é uma discussão de quem não é poeta ou de quem tem pouco conhecimento da matéria, aquele que é do ramo, sabe que as duas coisas são inseparáveis, são como ter o rio e saber usar as mãos para bebê-lo".

Fonte: http://www.verbo21.com.br (04/01/2013)

Prossiga na entrevista:

Por que escrevo?
Onde escreve?

O que é inspiração?

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Crítica literária

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