"Alguém, certa vez, me chamou de um burocrata (entre os escritores) porque minha autodisciplina parecia exagerada", Bellow disse a um entrevistador em 1964. "Parecia exagerada para mim também." Bellow escrevia todos os dias, começando no inicio da manhãe fazerndo uma pausa na hora do almoço. Em sua biografia, publicada em 2000, James Atlas descreveu os hábitos de trabalho do romancista na década de 1970, quando morava em Chicago e escrevia o romance Humboldt's gift": Despertava pontualmente às 6 horas e se fortalecia com duas xícaras de café forte aquecido em uma panela, e começava a trabalhar. De sua janela, costumava observar um campo esportivo de uma universidade e, ao longe, os pináculos da Capela Rockefeller. Muitas vezes ainda vestindo seu esfarrapado roupão de banho com lista quando a datilógrafa chegava, ele se sentavaem uma cadeira ao seu lado e ditava as anotações que havia reunido na noite anterior - até 20 páginas por dia. Como Dickens, que tinha companhia enquanto escrevia seus livros na sala de estar, Bellow era produtivo em meio ao caos. Enquanto escrevia, atendia telefonemas de editores e agentes de viagens, amigos e alunos; ficava de cabeça para baixo para retomar a concentração; conversava animadamente com seu filho Daniel quando estava hospedado na casa. Geralmente parava por volta do meio-dia, praticava 30 flexões e fazia uma refeição simples de salada com atum".

Fonte: CURREY, Maso. Os segredos dos grandes artistas. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2013.