“Sou avesso a superstições e rituais. Escrevo sempre no computador, Word, Times New Roman, corpo 12, mas isso não tem nada de mais. O que tento fazer é criar uma atmosfera confortável, tipo bermuda-e-camiseta ou bermuda só, e de distração mínima – o que significa basicamente deixar o telefone na secretária eletrônica e resistir à tentação de conferir emails e navegar na internet. Já tive fases de escrever só noite adentro, depois que a casa inteira dormia, e em nome de um certo espírito dionisíaco ficar bebendo uísque ou, nas raras ocasiões em que o inverno carioca merecia este nome, conhaque (ainda acho o conhaque uma bebida profundamente literária, não me pergunte por quê). Mas ultimamente tenho virado cada vez mais um trabalhador diurno e sóbrio. Seja como for, escrever é quase sempre um trabalho meio doloroso. Gosto mesmo é do que vem depois: editar o material bruto, cortar, montar os pedaços em outra ordem, preencher lacunas. Isso é tão prazeroso e envolvente que nessa hora nem faz diferença se o telefone toca ou os emails pipocam.”
Fonte: http://michellaub.wordpress.com (23/10/2012)
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