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Jornalismo
Sergio Rodrigues

“Escrever profissionalmente todos os dias talvez não ensine a escrever uma pessoa que não sabe por onde começar, mas uma que sabe vai escrever cada vez melhor, com mais lucidez, isso é certo. Esse exercício, na minha opinião, não pode atrapalhar, por mais que as vozes sejam diferentes no jornalismo e na literatura, e são demais. Mas esse não foi o único benefício. Ser repórter, principalmente no início da carreira, me deixou menos provinciano e menos auto-referente (dois problemas comuns para um escritor), tive acesso a ambientes extremos, aqueles que são notícia, tanto os de miséria quanto os de luxo, andei o Rio de Janeiro de cima a baixo, e isso é uma formação que poucas profissões podem dar. No outro prato da balança, claro, tem a dedicação quase exclusiva que o jornalismo exige, e que atrapalha bastante quem tiver planos de desenvolver qualquer atividade paralela. Esse não é um problema pequeno, mas acho que os lados bons ainda ganham.... O jornalismo é um ofício que requer, de preferência, uma grande vocação. Mas uma vocação de jornalista, que é diferente da velha vocação para as “letras”, embora em muita gente elas coexistam, claro. O jornalista não é necessariamente um escritor, esse não é um pré-requisito. Há excelentes repórteres da velha guarda que mal sabem escrever o próprio nome. A literatura, como o jornalismo, também é um ofício que requer uma grande vocação. A diferença aqui é que, sendo economicamente muito menos viável e esteticamente muito mais ambiciosa, a literatura exige que essa vocação se transforme bem cedo numa espécie de sacerdócio, ou de neurose. É uma aposta tão arriscada que acho que a maioria dos candidatos pensa melhor e desiste de saída”.

Fonte: <www.penadealuguel.com.br> Cristiane H. Costa (13/12/2006)

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