"O fato de a a crítica ser positiva ou negativa não está diretamente ligado a “me ajudar” ou “me atrapalhar”. Às vezes, uma crítica elogiosa é mais incômoda e irritante pro autor – se apontar para algo que tu não concordas, achas uma bobagem – do que uma crítica negativa que indique algo verdadeiro, um defeito que tu não notaste e o crítico percebeu. Pode ser dura, mas se a crítica for fundamentada e o autor não for um ressentido, pode ser um aprendizado para ele. A questão não é tão preta-e-branca. A crítica tem valor, é importante pro autor e, acima de tudo, pro leitor. O fato de ela agradar ou não ao autor é secundário. Isso é problema do autor. Se eu fosse crítico de imprensa cultural, não escreveria para ensinar o autor a escrever. Me preocuparia em dizer ao leitor se o livro é bom ou não, por quê, e o que ele me causou. Ficar mandando recadinho pra autor, pro bem ou pro mal, é coisa de babaca....Nos primeiros livros, acho que as críticas negativas me atingiam mais. Nos últimos, já não me atinge muito. Fico irritado com uma ou outra coisa pontual. E essa minha reação, também, não é relevante pra ninguém. É minha, íntima. Não diz nada sobre a crítica. Não vou a público, no meu site, para me manifestar. Jamais faria uma réplica a uma crítica. Se algum leitor quiser tomar minhas dores e mandar e-mail pro jornal, fique à vontade, mas eu nunca faria isso. É um problema meu, como autor. Não vou querer “melhorar o filme” do meu livro porque um cara falou mal dele em algum lugar. Isso também é babaquice..."
Fonte: www.minimomultiplo.com (06/06/2011)