“A ilusão é crer na possibilidade de se estabelecer critérios objetivos de valor. A literatura é um espaço de enfrentamentos. E não há um lugar seguro em que se possa organizar esse sistema de valores para julgar livros. Ao contrário do que a crítica supõe, ela sempre parte de uma inescapável concepção fragmentária de literatura”.

Fonte: Jornal do Brasil, 13/06/1994 – Macedo Rodrigues  

“A tarefa da crítica é ridícula porque a experiência da leitura é muito difícil de transmitir. Acreditar que alguém pode decifrar e explicar a emoção estética e os efeitos que a literatura produz é uma ilusão, ainda que até certo ponto legítima. A crítica literária é um empreendimento impossível, mas é também um mal necessário, que eu mesmo pratico. A tensão da crítica com sua autonomia é sempre extrema. Não se sabe nunca se a crítica tem estatuto próprio, se é um ramo da literatura, ou se a sua função é incômoda e imprecisa. Paradoxalmente, é nesse movimento que se definem os grandes críticos”.

Fonte: O Globo, 08/06/1996 – Luciano Trigo

“A crítica literária é uma construção cultural: ela cria contextos de interpretação, um espaço de relações onde diversas obras, de diversos gêneros e tipos, podem ser postas em contato. A leitura do escritor não é exatamente interpretativa, Ela é excêntrica. O escritor nuncaestá preocpado em ‘compreender corretamente’ o que um outro texto diz: ele comete excessos e desvios. Trata-se também de uma leitrua estratégica – os escritores nunca estão totalmente em paz uns com os outros. Quando um autor procura saber como funciona uma determinada máquina de narrativa, isso sempre acaba resultando em algum tipo de apropriação que trai e desloca aquilo que ele leu. Alguns dos críticos que mais admiro, porém, eram sobretudo artistas: Auden, Valéry, Brecht”.