"As três pessoas que mais me impressionaram, sempre que lembro, são Saramago, Adélia Prado e Norman Mailer. Há pessoas que você está entrevistando e que têm uma construção para apresentar. Até a frase você sente que é toda planejada. Não é o caso de nenhum dos três. Eles, na entrevista, se entregam absolutamente, deram tudo. Pessoas que não me conheciam, não sabiam quem eu era, mas devem ter sentido alguma conexão. São três pessoas que admiro muito pessoalmente, de muita coragem em suas vidas. Acho muito inspiradoras. No caso de Saramago tem um adicional. Ele era um homem de origem muito pobre, como todo mundo sabe, e teve um primeiro livro transformado pelo editor em algo chamado Amores de uma viúva, que ele rejeitou, jogou fora e passou 30 anos sem publicar. Quando ele voltou, foi uma descoberta para todo mundo. Além disso, ele contou uma história ótima quando perguntei do Nobel. Ele estava em Frankfurt, indo viajar, e foi chamado no balcão da Lufthansa. A atendente estendeu o telefone e disse "Parabens pelo Nobel". Foi assim que ele ficou sabendo, pela balconista, que tinha ganho o prêmio. Aí ele recebeu a notícia oficial, depois ele voltou, estava andando pelos corredores, pensando:'É ganhei o Nobel...  e daí?  O mundo continua girando, as pessoas continuam vivendo, nada mudou em relação aos grandes acontecimentos. Foi ótimo para mim ,não estou desprezando'. E eu pensei; que grandeza desse homem"

Fonte: Para saber e conhecer noss Líguna, nº 29, out. 2011- Marcio Beck