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ENTREVISTA SIMULTÂNEA

Miguel Torga

 

Adolfo Correia da Rocha

Nasceu em Trás-os-montes, Portugal, em 12/08/1907. Médico, dramaturgo e considerado por muitos como um dos mais importantes poetas portugueses do século XX. Depois de breve passagem pelo Seminário de Lamego, emigrou para o Brasil com 12 anos a aqui ficou até os 18, trabalhando numa fazenda de café do tio. Estudou no Liceu de Leopoldina (MG), onde foi considerado um aluno bem dotado. De volta a Portugal, em 1925, formou-se médico em 1933 pela Universidade de Coimbra, onde viveu e escreveu por conta própria extensa obra em verso e prosa. Em 1929 colaborou na revista "Presença" com o poema Altitudes. A revista, fundada em 1927 pelo grupo literário avançado de José Régio, Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca, era bandeira literária do grupo modernista e era também, bandeira libertária da revolução Modernista. Em 1930 rompe definitivamente com a revista Presença, por “razões de discordância estética e razões de liberdade humana”. Em 1933 concluiu a licenciatura em Medicina, com apoio do tio do Brasil. Começou a exercer a profissão nas terras agrestes transmontanas, de resto, o pano de fundo de grande parte da sua obra. Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da Natureza: sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano. Ora, estes homens e as suas obras levam Torga a revoltar-se contra a Divindade Transcendente a favor da imanência: para ele, só a humanidade seria digna de louvores, de cânticos, de admiração: (hinos aos deuses, não/os homens é que merecem/que se lhes cante a virtude/bichos que cavam no chão/actuam como parecem/sem um disfarce que os mude). Sua característica mais pessoal: a profunda intimidade com a realidade telúrica e social portuguesa. Considerado por muitos como um avarento de trato difícil e caráter duro, foge dos meios das elites pedantes, mas dá consultas médicas gratuitas a gente pobre e é referido pelo povo como um homem de bom coração e de boa conversa. No entanto, nos meios intelectuais de Coimbra a era conhecido como o rei dos chatos. Dentre suas obras, temos na poesia: Ansiedade (1928); Rampa (1930); Tributo (1931); Abismo (1932); O Outro livro de Job (1936) Lamentação (1943); Libertação (1944); Odes (1946); Nihil Sibi (1948); Cântico do Homem (1950); Alguns poemas ibéricos (1952); Penas do purgatório (1954); Orfeu rebelde (1958); Câmara ardente (1962); e Antologia poética (1981). Na prosa, destacam-se: Pão ázimo (1933); Criação do mundo (1931-39), em cinco volumes; Bichos (1940); Rua (1942); Novos contos da montanha (1944); Vindima (1945); Diários (1945-1973), em 11 volumes; Fogo preso (1976); Fábula das fábulas (1982). No teatro: Terra firme (1941); Sinfonia (1947); O paraíso (1949); Portugal (1950) e Traço de união (1955). Faleceu em 17/01/1995.

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