“Para mim, cinema e literatura são práticas e meios muito heterogêneos. Talvez em Wasabi, meu romance mais recente, essa divisão apareça de modo mais definido. Mas, quando escrevi meus dois romances anteriores, eu só acreditava nas palavras, eu achava que elas bastavam. Eu tinha a crença de que a literatura era um território completamente auto-suficiente, em que se pode estar, que se podia habitar sem necessitar de mais nada. Mas, a partir de dado momento, comecei a descobrir os pontos de contato entre esse território fechado da literatura e o mundo exterior. A partir daí começaram a aparecer em meus escritos as experiências, as imagens. Nesse sentido, Wasabi já é um livro mais permeável. Antes, a literatura para mim era impermeável. Hoje me interesso pela permeabilidade do literário. Wasabi tem, até mesmo, um fundo auto-biográfico. Eu nunca tinha feito isso antes, nunca tinha trabalhado literariamente com minha vida pessoal”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/1997. - José Castello |