"Bem, o que observo é a desaparição da Política, com P maiúsculo e o aparecimento de uma multiplicidade de causas que se situam no terreno do político fragmentado: a causa das mulheres, dos homossexuais… Hoje em dia, discutir política é discutir quem rouba, quem trafica drogas. Os problemas políticos dissolvem-se na delinqüência e tornaram-se tema favorito na literatura jornalística – livros que têm repercussão imediata. Com esses livros, a literatura de ficção dificilmente pode concorrer".

Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/1997 - Moacyr Scliar

"A política me interessa, mas também de uma maneira experimental. Nunca tive militância política. No maio de 68 argentino, que foi em 1973, eu estava informado do que se passava no país e me considerava um marxista. Mas nunca tive nenhum engajamento. Tenho uma relação não literal com a política, uma relação que é mais oblíqua. Parece que com a política, ou se tem uma relação literal, direta, ou não se tem relação alguma. Mas não é assim. Toda relação oblíqua com a política, toda relação indireta com ela é considerada imediatamente “apolítica”. É o que muitos pensam a meu respeito, quando o que eu quero é apenas ter uma relação menos crédula, menos escrava com a política".

Fonte: O Estado de São Paulo, 08/07/1997 - José Castello