“É preciso lembrar que a literatura é uma forma superior de diversão. Trotsky já dizia, `um bom romance político tem de ser antes de tudo um bom romance`. Se não, ele vai perjudicar sobretudo a política à qual ele quer servir”. .. Eu me opus muito, nos anos 60, ao escritor de esquerda, porque queriam identificar boa intenção política com qualidade literária. De boas intenções são feitos os ladrillos do chão do inferno… Cada escritor tem um compromisso com o país, com o seu povo e com o seu tempo, mas a primeira coisa que a obra debe ter é qualidade literária. Literatura tem um caráter de missão e também de festa. Como nas manifestações populares brasileiras, é o protesto do sonho contra as injustiças de uma vida. Se a obra não for boa, de nada adianto essa teoria”.

Fonte: Valor Econômico,  (SP) 05,05/2000 (Sheila Grecco)

“Marx disse que as sociedades mais desenvolvidas economicamente dariam, necesariamente, obras de arte de maior qualidade. Foi o que se chama de um engano da peste. Homero e Kazantzaki foram, ambos, poetas do mesmo mundo pequeno, áspero e pobre de cabreiros; mas ambos são superiores a dos Passos, escritor de uma sociedade capitalista, ou a Ilia Erhemburg, escritora de uma sociedade socialista, ambas tecnológicamente desenvolvidas. Gógol, Dostoievski e Tolstoi foram escritores da Rússia czarista e rural, e junto deles, os autores da União Soviética industrializada não passam de autores de propaganda, de escritores sociológicos, incapazes para a criação da beleza”.