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Política
Sergio Milliet

"Mas o que é romance social? Creio que estão dando ao termo 'social' uma siginificação especialíssima. A definição sociológica traria, como resultado, englobar gêneros bem diversos numa mesma categora. Seria o tromance dos homens na sociedade, em oposição ao romance subjetivo, à autobiografia interior, ao ensaio disfarçado. O emprego, porém, que se vem dando à locução é muito outro... Sim, é o romance de tese socialista. Daí regras especiais - e especiosas - estabelecidas pela crítica, para julgar o grau do 'social' de um romance. Para uma completa saturação que satisfaça plenamente a moda, é preciso que reúna: a) ambiente proletário; b) terminologia revolucionária; c) termos de gíria e calão; d) considerações explicativas baseadas no materialismo histórico. De social, passa o romance, portanto, a socializante e desanda, então, para o panfleto. E na expressão feliz de André Malraux, 'a arte deixa de ser arte quando pretende provar'. Acho que o nosso romance social está num período de tentativas o mais das vezes abortadas. Falham por não existir uma integração suficiente do autor no objeto e, também, por deficiência de bvase filosófica. O romance de tese, como o teatro ou outro qualquer gênero literário que se oriente para a propaganda de uma idéia, necessita, para pesar na balança dos valores definitivos, de um lastro filosófico sério, além da arte da narrativa e do estilo sugestivo... Não pode ser exposta abruptamente, sob pena de dar-se com os costados na demagogia. Deve ser tão somente apontada, entre muitas, insolúvel no molde das idéias correntes ou comumente admitidas".

Fonte: PEIXOTO, Silveira. Falam os escritores. 2º vol. São Paulo: Secretariade Estado da Cultura, 1971.

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