"Sempre gostei de escrever. Minha formação se deu pela literatura. O cinema chegou mais tarde, depois da literatura e do teatro. Eu já tinha mais de 20 anos quando me interessei por ele. Eu lia Rimbaud, João Cabral, Jorge de Lima e muito teatro: Tennessee Willians, Eugene O'Neil, Edward Albee... Só pensava em poesia e teatro. Até que um dia fui parar num ciclo de cinema italiano, seguido de um ciclo francês. Aqueles ciclos completos, que iam da fase muda até o presente. Descobri ali que o cinema vinha sendo algo secundário na minha vida. Que minha formação era literária. Li muito Eça (de Queiroz). Este sim é minha maior influência. Minha e do Nélson Rodrigues. Me sinto uma espécie de afilhado do Nélson. De tal forma, que chego a psicografar (risos) textos dele. E ficam tão convincentes que d. Elza, a viúva, lê e diz que está igualzinho. Na minha formação, há muito da literatura americana: Faulkner, Hunther Thompson, Norman Mailer, Scott Fitzgerald. Meu lance de amor com a literatura e com a dramaturgia é muito grande. Por isso, nos meus filmes, sempre dei muito valor ao roteiro, à dramaturgia, aos personagens. Nunca quis valorizar apenas as imagens. Escrever não é um sacrifício para mim. É um prazer renovado.
Fonte: www.geocities.com/cronistaarnaldo/entrevista2.htm (10/10/2008)