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Por que escreve?
Lya Luft

"Para mim, escrever é espreitar as águas interiores observando os vultos no fundo, misturados com minha imagem na superfície. Minha literatura não emerge de águas tranquilas; fala de minhas perplexidades enquanto ser humano, escorre de fendas onde se move algo, inalcansável, me desafia".

Fonte: Zero Hora, 21/06/2003.

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"Escrever para mim é indagar. Escrevo para obter respostas que – eu sei – não existem. E sobre possibilidades de ser mais feliz – essa, eu usei também, depende um pouco de cada um de nós, de nossa honradez interior, nossa fé no ser humano, nosso compromisso com a dignidade. Escrevo para provocar e para questionar também: quem somos e como vivemos – como convivemos, sobretudo? Falo do estranho que somos: nobres e vulgares, sonhadores e consumidores, soprados de esperança e corroídos de terror, generosos e tantas vezes mesquinhos (...)"

Fonte: Cultura News. São Paulo, no 96, 2001.

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"Eu acho que eu continuo escrevendo porque eu não entendo. O dia que eu entender tudo vai perder a graça. Eu sempre escrevo sobre coisa que eu não compreendo. E eu falo para mim mesma, eu escrevo para mim mesma. Eu escrevo tentando entender, decifrar, e [ao mesmo tempo] brincar em cima disso. Porque, na verdade, escrever para mim mesmo quando são histórias de personagens muito sofridos, neuróticos e perdas graves tem um lado extremamente lúdico. Eu preparo armadilhas para mim mesma. Isso é muito pouco consciente. Quer dizer, eu sei, mas não... “lá pelas tantas”, eu pego um fiozinho, escondo da história e, de repente, ele vai reaparecer mais adiante. Eu fico muito interessada, muito apaixonada por aquilo. Porque, realmente, são coisas que eu não entendo, é uma espécie de enigma, é um estado de assombramento em cima disso. E se eu entender vai perder a graça, eu não vou escrever".

Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultura, 05/05/2008

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