"Na verdade, nunca entendo por que vivem nos perguntando isso, a todo tempo: ‘por que você escreve’, ‘qual o papel do escritor’ etc. Sempre estão à cata de uma serventia para o que fazemos. Serventia tem eletrodoméstico. Ninguém nunca pergunta ao clínico por que ele clinica, à sinfônica por que ela sinfonica. Sempre digo: o papel do escritor é higiênico. Sempre digo: eu escrevo porque é a única coisa que não preciso pagar para fazer. Para todas as outras uso MasterCard, entende? Escrevo porque não sei pilotar Fórmula 1, é certo. Ou escrevo porque nunca aprendi a jogar bola, basquete. Ou porque não consigo alpinar de bunda para cima lá nos Andes, sei lá. Enfim. Escrevo por que não sei responder a questões assim. Saravá!"
Fonte: Depoimento em novembro de 2003.
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