"Penso que um escritor está na rota certa quando a porta de suas intuições natas e profundas é aberta. Escreve-se uma frase que não vem desta fonte e não se pode construir em torno dela. Isso faz a página aparecer, de certo modo, falsa. Possuímos um giroscópio interior que nos diz se o que fazemos é certo ou errado. Sempre achei que o escritor é uma espécie de médium, e quando algo funciona bem, ele tem uma certa clarividência, ele sente o que está acontecendo. Toda vez que publiquei um livro muito bem recebido, soube de milhares de pessoas mundo afora que pensavam a mesma coisa, como se eu antecipasse coisas. Não pretendi isto, mas soube que há quem o faça".
Fonte: Diálogo, v. 16, no 1, 1983.
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