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Psicanálise
Philip Roth

"Se eu não tivesse sido analizado, não teria escrito Portnoy's complaint da forma como o escrevi, ou My life as a man da forma como o escrevi, nem The breast se pareceria com o que é. Nem eu me paraceria com o que sou. Provavelmente a experiência da psicanálise foi mais útil para mim como escritor do que como neurótico, embora aí possa haver uma falsa distinção. É uma experiência que partilhei com dezenas de milhares de pessoas confusas; e qualquer coisa tão influente no campo particular, capaz de unir o escritor a sua geração, a sua classe, a seu momento, é de tremenda importância para ele, contanto que depois ele consiga se distanciar o bastante para examinar a experiência de ser capaz de tornar-se médico de seu médico, mesmo que seja apenas para escrever sobre a condição dos pacientes, o que, em parte, foi o tema de My life as a man. A condição de paciente me interessava - e já desde Letting go, tantos contemporâneos esclarecidos haviam passado a aceitar a visão deles mesmos como pacientes e também as idéias de doença psíquica, cura e restabelecimento. Quer saber sobre a relação entre a arte e a vida? É semelhante à relação entre as cerca de oitocentas horas que se leva para ser psicanalisado e as oito horas, se tanto, que se levaria para ler Portnoy's complaint em voz alta. A vida é longa e a arte é curta".

Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

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