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Relações Literárias
JEAN-PAUL SARTRE

por Blaise Cendrars

"Não tenho nenhuma opinião sobre ele, Sartre não me envia seus livros. Existencialismo? Quanto a doutrina filosófica, foi Schopenhauer quem nos colocou em guarda contra os professores de filosofia que, depois de completar seus estudos formais, meditam, escrevem, pensam, rabiscam manifestos - e Sartre é um professor. Peças filosóficas são maçantes no teatro, e Sartre apresenta suas teses no palco. Romances acadêmicos ou são bem escritos, ou são mal escritos; os de Sartre não são nem uma coisa nem outra. Os escritores jovens de hoje - encontrei muitos deles desde minha volta a Paris e me pergunto o que os torna especificamente existencialistas. Será por que eles se disfarçam toda noite para ir a Saint-German-des-Prés da mesma maneira que seus pais se vestiam toda noite para frequentar a sociedade ou ir ao clube? Isso é um modismo que vai passar. Não me deixo levar pelo barulho de um desfile. Mas o mundo se entedia consigo mesmo. O cinema, o rádio, a televisão... A verdade é que muito poucas pessoas sabem viver e aquelas que aceitam a vida como ela é são ainda mais raras".

Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

por John Dos Passos

"Muita coisa boa em literatura envolve-se, em maior ou menor escala, com a política, se bem que sempre seja um terreno perigoso. Para certas pessoas, é melhor se manter de fora, a menos que estejam dispostas a aprender a observar. Essa é a ocupação de um tipo especial de escritor. Sua investigação - usando blocos de experiência crua - tem que ser equilibrada. Sartre, nas suas reportagens diretas, sem adornos, era maravilhoso. Não consigo lê-la agora".

Fonte: Os escritores: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

por Marguerite Duras

“Não gosto dele. Pode ser um sociólogo, um moralista, mas não é um escritor. Ele é didático, e foi um bom cronista de sua época. Mas, diante de um bom escritor, a gente nunca sabe aonde ele pode nos levar. É como caminhar em uma floresta. Não há um caminho traçado. O escritor é um selvagem – e Sartre é mais do que um civilizado. Ele parece ter saído dos congeladores dos séculos. Ele era muito simpático, com uma imensa ingenuidade... As cartas que escrevia para as amantes, por exemplo. Para suas amantes, fazia cartas em duas vias – é inacreditável. Uma para a mulher, a outra para a eternidade. Era isso o que se chamava de natural, em Sartre”.

Fonte: Veja, 17/07/1985 – Paulo Moreira Leite    

por Nelson Rodrigues

"Não suporto Sartre. Ele traiu a condição de escritor quando virou político".

Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2002 - Tom Murphy

por Alberto Moravia

"Certa vez Sartre disse que a vida interior não existe. Nisto não estou de acordo com ele e me lembrei desse fato ao dar o título a meu último romance, que se chama precisamente La vita interiore (Desideria)".

Fonte: AJELLO, Nello. Moravia: entrevista sobre o escritor incômodo. São Paulo: Civ. Brasileira, 1986

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