por Carlos Fuentes
"O obra de Onetti é a pedra de toque de nossa modernidade.
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/04/204
por Eduardo Galeano
“Uma vez, faz dois anos, Onetti foi a Buenos Aires como jurado de um concurso de Literatura da Editorial Sud-Americana e do jornal La Opinion. Então ele me chama para jantarmos juntos. Bem, ele estava meio doente, como sempre. É um cara muito fraco, um homem envelhecido, bebe muito, não come nunca, mistura pílulas de diversas cores e tamanhos. Toma pílulas para se tranqüilizar, para regular, para acordar, para dormir, e mistura todas elas com vinho uísque, com vinho... é essa a sua alimentação. Consome de sólido as pílulas e de líquido o álcool. Fraco, alto, muito silencioso e muito digno, uma concepção muito negra do homem e de seu destino. Muito negra: ele acha que o homem não pode ser redimido. O homem é uma merda e continuará a ser uma merda, com capitalismo ou sem capitalismo. Mas ele faz uma grande literatura, muito sincera e muito delicada; áspera, seca, verdadeira, como poucas, com grande beleza de estilo, é um homem com a capacidade da beleza para dizer uma coisa como poucos escritores da América Latina. Mas com uma concepção muito negra do que é a condição humana. Então ele se defende o tempo todo de sua própria ternura. Então, aquela noite fomos comer com sua mulher. Comíamos, e ele estava calado. Falávamos de muitas coisas, de Buenos Aires, onde tinha vivido... bem, ele não falava quase nada. Até que um momento disse à sua mulher: ‘Você quer ir ao banheiro, não?’ Ela disse: ‘não, não’. ‘Ah’, ele disse, e continuou comendo. Um pooco depois ele insiste: ‘Você não quer ir ao banheiro? Juro que tens vontade de ir ao banheiro’. ‘Não, não’, disse ela – e muito ingênua. ‘Não tenho vontade de ir ao banheiro’. Pouco depois , com o garfo no ar ele disse: ‘Estás com o nariz brilhando, convém que vás ao banheiro e ponhas um pouco de pó-de-arroz’. Ela tira o espelhinho da bolsa e lhe responde: ‘Não, não está brilhando’. Guarda o espelhinho e fica. Isso quatro, cinco vezes, até que ele insiste na coisa e ela reage pela primeira vez. Diz: ‘Ah, você quer ficar sozinho com ele. Mas devia ter me dito isso, assim eu ia embora’. Ele diz: ‘Não, de maneira nenhuma, sente-se, fique aqui, vamos comer a sobremesa’. Foi a pior sobremesa da minha vida. Imagina a situação, os três comendo a sobremesa em silêncio. Ela terminou a sobremesa e foi embora. Ai pedimos café. Passa uns 20 minutos e ele me diz: ‘O que são as coisas, o que é a vida. Eu queria estar sozinho com você, sabe para quê? Para te dizer que eu estou muito bem com ela, que me sinto como numa primavera da vida, que me sinto como renascido com ela, que fazia anos que isto não acontecia... e que aqui em Buenos Aires eu volto a amá-la loucamente. Era isto que eu queria dizer, que coisa, não?’ Acho que essa história o retrata como nenhuma outra”.
Fonte: Ex- (SP), n. 11, jun. 1975 – Marcos Faerman
por Juan Forn
"Acredito que Saer encontrou um registro pessoal seguindo o caminho de (Juan Carlos) Onetti e de Faulkner, que é a construção de um mundo paralelo, micromundo. Essa coisa de inventar um lugar e povoá-lo com personagens. Respeito muito Saer, a coerência que tem o projeto narrativo dele, mas me chateia, o que não acontece com Onetti. Se você analisar estes dois autores, eles se movem de maneira parecida na experimentação. A única diferença é que em Saer tudo está mais a serviço dos efeitos e em Onetti, mais a serviço da trama que quer contar".
Fonte: MARETTI, Eduardo. Escritores: entrevistas da Revista Submarino. São Paulo: Limiar, 2000.
por Mario Benedettistinação em trabalha
"Creio que Onetti não me influenciou. Sua influência restringiu-se a exigência de rigor com a escrita, de cuidado extremo no uso das palavras. Nesse sentido, Onetti foi de fato, para mim, um mestre. Com ele aprendi que, com as palavras, não se pode vacilar, não se pode ser leviano. Ele me ensinou o gosto pela palavra exata, a jamais escrever com frivolidade. Ensinou-me o trato rigoroso da linguagem, a obstinação em trabalhar com a língua até esgotar todas as possibilidades. A ir sempre até o limite. Mas não acredito que a literatura de Onetti tenha influenciado a minha, que tenha havido uma influência mais particular de estilo, ou de universo literário".
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/06/1997 - José Castello
por Mario Vargas Llosa
"Para mim não há nenhum escritor antes de Onetti que use a técnica narrativa moderna como ele fez e que, além disso, empregue uma prosa desligada da prosa tradicional. Ele inventa uma prosa a partir de uma linguagem oral, uma prosa que simula a oralidade. E isso desde seu primeiro romance Vale lembrar que esse primeiro romance é dos anos 1930, quando o que prevalecia tanto na Espanha como na América Latina, era uma narraiva de costumes, com ecos de estética modernista".
Fonte: Folha de São Paulo, 08/03/2009
"O escritor que, com a distância proporcionada pelo tempo, eu hoje vejo como o melhor de todos nós".
Fonte: Folha de São Paulo, 18/06/2006 - Juan Cruz
por Milton Hatoum
"Os romances e contos do uruguaio Juan Carlos Onetti do argentino Juan José Saer não são devidamente louvados. Alguns livros desses autores foram bem traduzidos e editados, mas acho que ainda são pouco lidos."
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/11/2004
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