por Adélia Prado
"O que eu tenho a dizer é o seguinte: o que o Paulo Coelho ofereceu naquela fábula que tem esse sucesso absurdo é uma comida para uma fome espiritual muito grande. Aquela fábula é uma fábula sobre todo o trabalho da individuação, sobre o processo de individuação humana: busque o seu caminho, conheça a si mesmo, essas coisas que todo mundo já sabe. Ele criou uma fábula e é agradável de ler, é bom, há coisas boas ali, é isso. Não tem nenhum mistério. Ele ofereceu na hora de uma fome muito grande que a gente está vivendo, a fome do espiritual. Você liga [à fome do espiritual] o livro do Paulo Coelho; você liga salões de poesia, onde você fica lendo poesia até 11 horas da noite, e as pessoas [dizem]: “lê mais, lê mais, lê mais”. Isso não é literatura, não, isso não é literário, não".
Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultura,
05/09/1994,
por Amóz Oz
"Ouvi falar dele. Li uma obra dele, ele não é meu herói literário".
Fonte: Programa Roda Viva, da TV Cultura, 05/07/2007
por Autran Dourado
"Isso é uma coisa que não tem a menor importância. Caiu no gosto popular, mas passa. Certos autores que se vêem na história, como Benjamin Constallat... Nem se fala mais e na época fez o maior sucesso. Isso é um modismo. Não há preocupação com o bem-escrever".
Fonte: LUCENA, Suênio Campos de. 21 escritores brasileiros: uma viagem entre mitos e motes. São Paulo: Escrituras, 2001.
por Betty Milan
“Só quem entrou verdadeiramente no mercado francês foi o Paulo Coelho, e isso não teria acontecido sem um marketing impressionante. No ano em que o Brasil foi o pais homenageado pelo Salão do Livro, ele fez uma festa para mil livreiros no Louvre”.
Fonte: Revista Observatório da Imprensa, 06/06/2001 – Deonísio da Silva
por Dominique Fernandez
“Não gosto nada do Paulo Coelho, esse escritor que está fazendo um sucesso incrível aqui na França. Mas é sempre assim, os grandes sucessos são os livros nulos. Machado de Assis, que é maravilhoso, é conhecido por 3 mil pessoas na França. Paulo Coelho, ao contrário, faz sucesso com a sua filosofia barata”.
Fonte: O Globo, 08/10/1995 – Helena Celestino
por Eric Nepomuceno
“Não quero entrar no mérito da literatura do Paulo Coelho, e sim no mérito de uma injustiça que fazem com ele. Ele é um grande divulgador da literatura brasileira. Claro que fala da literatura dele, de sua maneira de ver o mundo e a vida. Mas isso é tão válido nele quanto em qualquer escritor. Ele convence editores estrangeiros a publicar a nossa literatura, e paga, do bolso dele, apoio à tradução. Então, se houver um diálogo entre os escritores brasileiros e o Paulo Coelho, evidente que ele pode nos ajudar. O Salão de Paris certamente teria um impacto muito menor sem ele. Até o fim do ano, vamos mandar oito escritores à França para fazer leituras em universidades. E o Paulo Coelho indiretamente nos ajuda. Várias vezes, antes de viajar, ele me liga: ‘Eric, estou indo para tal lugar. De quê você precisa?’. Eu acho que ele deve ser respeitado. Não são todos os escritores que fazem isso”.
Fonte: Jornal do Brasil, 11/04/1998
por Isaías Pessoti
"Houve um tempo em que Cassandra Rios vendia muito livro, também. Vender muito livro é questão de saber explorar, com ou sem responsabilidade, as carências do povo. Nosso povo está carente de horizontes, mas não tem formação escolar suficiente para separar o que é discussão de seu siginificado na vida, no País e no trabalho daquilo que é empulhação. Penso que o povo se enriqueceria muito mais com a sensação de que quanto mais sabe, mais vale. O problema não é poder, é significar. Quem depende de mandingas e outras magias é alguém que se entrega passivo a poderes esteriores, abrindo mão de se afirmar como alguém siginificante neste mundo".
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/1994 - Ana Maria Ciccacio
por João Cabral de Melo Neto
“Eu conheci Paulo Coelho e cheguei a dar uma lida nos seus primeiros livros. Como sou materialista, aquilo não me interessa, não me diz nada”.
Fonte: Veja, 09/09/1992 – Rinaldo Gama
por Juan José Saer
“É sempre inevitável falarmos aqui, em Paris, de Paulo Coelho. Você já deve ter percebido a febre. Pois Paulo Coelho é um grande mentiroso. Quando esteve em Buenos Aires, disse que seus escritores favoritos são Borges e Jorge Amado. Ora, um dos dois deveria protestar, porque evidentemente são duas concepções opostas de literatura. Coelho é um comerciante que maneja deliberadamente os analfabetos, os ignorantes. Faz-me sempre lembrar de Logsamp Rampa, o autor de O terceiro olho, aquele místico que nos anos 1950 se apresentava como um sujeito vindo do Tibete, mas na verdade era um inglês típico, que fumava seu cachimbo e jogava críquete.”
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/1996 – José Castello
por Luciana Stegagno
“Dificilmente os escritores que vendem mais podem ser os melhores. São um fenômeno de gosto coletivo, não necessariamente um fenômeno artístico. Aprecio o fato de ele ter sabido falar às pessoas. O Alquimista é uma fábula para crianças. Mas há tantas pessoas que quase não liam e agora Lêem Paulo Coelho: ele soube inclinar-se para falar com elas, soube encontrar aquelas palavras simples”.
Fonte: República (S.Paulo), junho de 2000 – Elisa Byington
por Marlyse Meyer
“Comecei a ler e confesso – eu, que leio qualquer coisa – que tenho uma certa dificuldade em ir adiante, provavelmente pela escrita dele. Uma escrita média, que não é literatura, mas faz enorme sucesso. É um fenômeno que precisa ser muito bem estudado pela crítica. Estou vendo agora que vão lançar Brida na televisão e, para animar a audiência, pedem depoimento de pessoas ‘sérias’ sobre o livro... No Salão de Paris a fila para os autógrafos de Paulo Coelho dava voltas, nunca vi coisa igual. Mas o Paulo Coelho mandar servir bolacha e água para quem estava ali... (risos). E ele é de fato uma figura encantadora... Mas (o marketing) não explica tudo. Na França conheci professores da Sorbonne que lêem Paulo coelho e o adoram. O José Castello disse numa resenha de dois ou três anos atrás uma coisa que eu acho bem acertada: é uma escrita intermediária que não é grande literatura, mas tampouco é baixaria; uma escrita simples, de diálogos rápidos, com pouca fabulação. É uma leitura fácil para quem não está acostumado a ler. Mas alguma coisa o Paulo coelho tem, algo que nós, críticos, ainda não identificamos. O fato é que ensaiei duas vezes e não consegui. O texto não me seduz, não me chama. Não há nele nem sequer o atrativo do folhetim, que faz o leitor correr para saber o que acontecerá em seguida.”
Fonte: Folha de São Paulo, 02/08/1998 – Maurício Santana Dias
por Millôr Fernandes
“Me disseram que estão dando para ler Paulo Coelho nos colégios. Isso é um acinte. Não pode. Aquilo é uma chantagem literária: como você tem um cara que assalta na rua, um cara pode assaltar na livraria. E o assaltado sai satisfeito”.
Fonte: O Globo, 25/09/1994 – Eros Ramos de Almeida
por Milton Hatoum
"Os escritores, hoje, querem a chave do sucesso a qualquer preço e a influência do Paulo Coelho se tornou, nesse sentido, muito maléfica. Ele pode ser um sucesso, mas não é um sucesso literário, porque o que ele faz não é literatura. As obras de qualidade precisam de longo tempo para ser digeridas."
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/11/1998 - José Castello
por Philippe Djian
" Sei de quem você está falando, mas nunca li nada dele. Não é o tipo de leitura com a qual perderia meu tempo. Mas o mundo está cheio de Paulos Coelhos. E para falar a verdade, não vejo nenhum problema nisso".
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/1995 – Hamilton dos Santos
por Rachel de Queiroz
“Uma vez, uma repórter me perguntou sobre o Paulo Coelho. Eu disse que não o considero um homem da literatura. Ela respondeu dizendo que eu tinha inveja. Pedi para publicar a minha declaração como resposta. Disse que morria de inveja de um sujeito que vende um milhão de exemplares. A gente vende 5 mil e fica satisfeito”.
Fonte: Jornal do Brasil, 01/11/1998 – Joel Silveira
"Em geral, aqueles que têm nome o conquistaram com seu valor. Fora o caso do Paulo Coelho. Ele vende milhões, é um fenômeno e também um mistério porque não pode ser pior. Tentei ler um livro dele e, honestamente, não consegui passar da página 8".
Fonte: Veja, 02/10/1996
por Richard Bach
“Não o conheço pessoalmente, mas li O alquimista. O que ele escreve também é uma forma de atingir o sonho. Acho-o um maravilhoso cidadão do Brasil e do mundo”.
Fonte: O Globo, 28/04/2000 – Rení Tognoni
por Wilson Martins
“Grande parte de seu sucesso, é verdade, não passa de um efeito de marketing. Mas não se pode reduzir as coisas a isso. Seus livros respondem a uma necessidade espiritual, que não é apenas brasileira, mas universal, tanto que seus romances se tornam sucesso de venda em todas as partes do planeta. Paulo Coelho é autor de uma literatura que não faz pensar, ela apenas confirma aquilo que os leitores já estavam convencidos antes de abrir o livro. Todos os livros de misticismo vendem muito bem. Paulo Coelho talvez tenha estourado por ter sido pioneiro. Além disso, ele era roqueiro e parceiro de Raul Seixas. E, se você ouvir com cuidado, verá que a música de Raul Seixas é um pouco simétrica à literatura de Paulo Coelho. Os livros de Paulo Coelho nos dão a impressão de que ele possui um segredo que não pode ser comunicado a ninguém. Mas você não pode entender a literatura de um país sem levar em conta fenômenos como ele. O Brasil é Rui Barbosa, é Euclides da Cunha, mas é também Paulo Coelho. Não podemos desprezá-lo com algo insignificante. Não sou leitor de seus livros nem seu admirador, mas ele deve ser aceito como um dado da vida brasileira contemporânea. Ele não acrescentou absolutamente nada à nossa vida intelectual; mas abriu uma janela mística na qual muitas pessoas se espelham. Não devemos desdenhá-lo. Paulo Coelho é um fenômeno muito brasileiro”.
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/1996 – José Castello |