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Religião
Bruno Tolentino

"Fui aluno dos Beneditinos, mas só me reecontrei com a religião em 1986, quando meu filho quase morreu na barriga da mãe. Eu já era um ‘scholar’ e estudava o catolicismo primitivo. Esse, aliás, é o tema de meu ensaio As vinhas do paradoxo, que a Universidade de Oxford publica este ano. Num certo momento houve um grande desvio na Igreja Católica... Passou-se a acreditar em espirito após a morte. O que é isso? Alma sem corpo é abstração, pior, uma assombração. Antes da influência do neoplatonismo de Alexandria na Igreja Católica, compreendia-se melhor que a base da fé está na idéia da ressureição.”

Fonte : O Globo, 09/07/1994 – Mauro Trindade  

"Mas voltando à sua pergunta inicial sobre a conversão. É como a parábola do sal. Cristo é o sal. O sal realça o gosto da comida, não muda o gosto da comida, torna o peixe mais peixe, a carne mais carne. Assim como o encontro com Cristo não muda o que você é, mas agora você se torna você na dosagem perfeita: aquilo para que você era destinado ser. Eu estou neste processo em que sou cada vez mais eu mesmo. Eu parei de ser uma caricatura de mim mesmo. Como dizia Píndaro: “Torna-te o que tu és”. Você se torna o que você é. Há um nível supra-real da pessoa. É isso o que só Deus sabe. Nesta perspectiva o ato poético é um ante-gosto, um antepasto desta plenitude'.

Fonte: Revista Passos n. 40, junho/2003)

 

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