“Ainda tenho esperança de encontrar alguém que me dê uma chance (de fazer cinema). O que mais lamento é que o cinema nunca tenha sido explorado como devia. É um instrumento poético, com todo tipo de possibilidades. Pense só no elemento de sonho e fantasia. Mas, com que freqüência o conseguimos? De vez em quando um pequeno toque dele e ficamos embasbacados. Pense em todos os recursos técnicos à disposição. Meu Deus, nem ao menos começamos a usá-los Poderíamos ter maravilhas incríveis, prodígios, alegria e beleza ilimitadas. E o que temos? Porcaria completa. O cinema é o mais livre de todos os meios de comunicação, pode-se realizar maravilhas com ele. De fato, eu iria saudar os dia em que os filmes substituíssem a literatura, quando não houvesse mais necessidade de ler. Lembramo-nos de rostos e gestos nos filmes, o que não acontece quando lemos um livro. Se o filme consegue prender nossa atenção, entregamo-nos completamente a ele. Isso não acontece nem mesmo quando ouvimos uma música. Vamos à sala de concertos e o ambiente está ruim, as pessoas bocejam ou cochilam, o programa é muito longo, não tem os números que gostamos, etc. Sabe o que quero dizer. Mas no cinema, sentados ali no escuro, as imagens vêm e vão, é como se uma chuva de meteoritos nos atingisse”.
Fonte: Os Escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras,1989.
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