"Costumo começar a trabalhar logo após o café da manhã. Sento-me imediatamente diante da máquina de escrever. Se vejo que não consigo escrever, desisto. Mas de um modo geral não há nenhuma etapa preparatória... Claro que existe (treinamento), mas quem o procura? Entretanto querendo ou não, todo artista se educa e se condiciona de um modo ou de outro. Cada pessoa tem seu próprio caminho. Afinal de contas, a maior parte dos escritos é feita longe da máquina de escrever, longe da escrivaninha. Eu diria que acontece nos momentos calmos e silenciosos, quando estamos caminhando, fazendo a barba ou jogando uma partida ou seja o que for, ou até mesmo conversando com alguém por quem não temos um interesse vital. A gente está trabalhando, a mente está trabalhando o problema, que está em nosso íntimo. Assim, quando vamos para a máquina de escrever, é apenas uma questão de transferência".
Fonte: Os Escritores 2: As históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Cia. das Letras. 1989.
"MANHÃS:
Se estiver inseguro, digitar notas e alocar, como estímulo.
Se estiver bem, escreva.
TARDES:
Trabalhar a sessão à mão, seguindo o plano escrupulosamente. Sem intromissões, sem diversão. Escrever para terminar uma sessão por vez, definitivamente.
NOITES:
Ver amigos. Ler em cafés.
Explorar lugares desconhecidos - a pé, se estiver seco, de bicicleta, se estiver molhado.
Escreva, se estiver no clima, mas em menor volume.
Pinte se estiver sem ideias ou cansado.
Faça notas, faça gráficos, planos.
Nota: Conceder tempo suficiente durante o dia para uma ocasional visita a um museu ou um rascunho ou uma volta de bicicleta. Rascunhos em cafés e trens e ruas. Corte os filmes! Bibliotecas para referências uma vez por semana."
Fonte: http://www.papodehomem.com.br 20/3/2015)
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