"No início, eu me diverti fazendo filmes. Voava na primeira classe, parava nos melhores hotéis, conhecia os astros. Mas isso me cansou muito rapidamente, e parei de escrever roteiros pela metade dos anos 90. Por convenção, o filme é obra do diretor, que sempre muda o roteiro para conformá–lo à sua visão. O roteirista é só uma espécie de secretário, e o romancista tem dificuldades nesse papel – afinal, estamos acostumados a ser Deus, e não um anjo secundário. Cheguei à conclusão de que o único modo satisfatório de ser um roteirista é ser também o diretor do filme. Talvez um dia eu dirija um filme, como Paul Auster já fez de forma brilhante".
Fonte:http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/070704/entrevista_ian.html
"Isto, no fundo, aplica-se a todas as transposições de livros para filmes: aquilo que não se pode fazer, a não ser que se usem horas de narração em voz-off, é dizer ao público o que uma determinada personagem está a pensar. Já o romance pode dar-se a este luxo, e a sua força é a de fornecer uma conscência contínua. A força dos filmes reside, claramente, noutros elementos, e a forma de estabelecer uma ligação entre elas está, na minha opinião, na escolha dos actores... É quase como se o filme fosse um neto nosso — o filho do nosso filho. E ter netos pode realmente ser uma experiência muito gratificante. Não somos directamente responsáveis por eles e só retiramos prazer disso, prosseguindo com a analogia. O filho é ainda o filho, mas o neto é uma coisa diferente".
Fonte: http://joaonunes.com/2008/guionismo/expiacao-entrevista-com-o-guionista/ (30/04/2011)