"Sou racionalista, como Jane Austen. Criar uma estrutura sólida é para mim uma forma de prazer. Especialmente, em romances curtos. Estar atento à forma e sentir a estrutura da trama...
Não planejo antecipadamente. Eu deixo a escrita entrar numa espécie de investigação. Na realidade, eu vou dando forma ao material bruto, mais como uma escultura do que um edifício...
A intuição aparece quando você está examinando o personagem, sentindo-o de perto. É necessário entender em que consiste a personalidade humana, um conhecimento de psicologia. É como entrar no personagem e sentir-se outra pessoa. É tudo o que preciso para montar um romance. Fantasia e imaginação também são cruciais. Mas deve dizer que minha imaginação é a de um racionalista...
Todo escritor precisa se basear num fundo histórico para criar seu enredo. Se você escreve sobre a prática da Medicina de 60 anos atrás, você tem que contar com relatos de especialistas. Para escrever Sábado [romance lançado em 2006, em torno de 11 de setembro] conversei longamente com um neurocirugião para criar um personagem. Não há saída: ou você conversa com o especialista ou vai à biblioteca consultar fontes sobre o tema. Eu consultei as memórias de uma enfermeira, no caso de Lucilla Andrews, e as citei no livro. Agora, graças a Reparação, o livro dela foi relançado e tudo ficou bem.
Fonte: Revista Epoca, nº 475, de 23/06/2007 - Luis Antonio Giron