"Não gostei muito (do filme As Bruxas de Eastwick). Ele começa bem, as três atrizes são ótimas, mas aos poucos o filme vai ficando mais e mais maluco. É claro que filme e livros devem ser um pouco loucos, mas neste caso virou tudo uma confusão. Achei embaraçoso. Um livro é inanimado, você lê sozinho; o escritor pode ser bem indiscreto e explícito. Um filme é um evento social, com várias pessoas em uma sala. Acho que o Jack Nicholson fez um grande trabalho ao dar vida ao personagem, mas passou do ponto, de forma que o filme passou a ser sobre ele, e não sobre as mulheres – enquanto o romance fala basicamente delas, de três mulheres divorciadas cuidando de si próprias. Acho que dificilmente vou gostar de um filme baseado em um livro de que gosto... (Quanto a novas adaptações) Eu não estou desesperado para ver isso acontecer. Mas não poderia recusar uma oferta, porque isso é dinheiro, e sou um escritor profissional. Mas acho que meus livros são material literário, feito para ser lido. Se você retira a parte literária, não sobra muita coisa. Um livro dever ser cheio de sutilezas: um filme tem que ser mais direto, objetivo".

Fonte: O Globo, 28/04/1991 - Heloisa Villela.