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Como escreve?
Christopher Isherwood

"Não tenho nenhuma rotina especial. O importante é insistir naquilo todos os dias, e isso, a meu ver, se aplica a tudo que se faz; mesmo a mínima ação determinada em relação a alguma coisa é melhor do que não fazer nada... Quando eu era jovem, costumava agir como um alpinista: tinha que chegar até um certo ponto, e então considerava que tudo abaixo de mim estava conquistado. Mas agora não faço mais isso. Escrevo a primeira vez sem muitos cuidados, e se caio em alguma tolice ou digressão, continuo escrevendo até o fim, e saio do outro lado. No começo do trabalho não sou nem um pouco perfeccionista. Deixo todo o polimento o último rascunho. Quando eu era jovem, era absolutamente fanático. Escrevia à mão e não suportava ver qualquer rasura no papel, e, como isso foi antes de todas essas maravilhosas descobertas como os corretivos de erros, eu constumava raspar as palavras com uma lâminina de barbear e, então, alisar o papel com a unha do polegar e escrever de novo. Era terrível!... O que costumo fazer não é tanto cismar com uma coisa, mas sentar e escrever o trabalho inteiro. Tanto para A single man como para A meeting by the river, escrevi três rascunhos completos. Após fazer anotações em um rascunho, sentava-me e reescrevia desde o início. Achei esse método muito melhor do que acrescentar remendos e amputar pedaços. É preciso repensar a coisa completamente".

Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

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