"Acho que isso (transmitir um tipo de experiência religiosa pela literatura) é muitíssimo dificil de fazer, mas é possível. Dostoievski faz isso melhor do que qualquer outra pessoa. Um dia, alguém deu a Prabhavananda Os Iirmãos Karamazov, embora ele tenha lido todo tipo de livro - certamente não faz essa espécie de restrição a si próprio -, não havia lido nenhum romance. E disse: 'Mas isso é absolutamente maravilhoso'. Ficou impressionado; adorou o personagem do padre Zosima. Chegou a pensar que que todos os romances eram como aquele. Receio que tenha se decepcinado bastante. Mas acho que muitas pessoas que adotam a religião contemplativa, ao experimentar as coisas pela primeira vez, vivem momentos extraordinários de alegria, uma sensação de excitamento que tende mais tarde a desaparecer, e volta apenas quando a pessoa atinge estágios bem mais avançados."
Fonte: Os escritores 2: as históricas entrevistas da Paris Review. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
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