"Olha, o Flaubert, na correspondência dele com George Sand, dizia que escrevia cinco, seis vezes uma página ou um período. Eu acho que ele escrevia apenas cinco, seis vezes, porque escrevia com pena de pato e aquilo machuca as mãos. Eu escrevia uma página dez vezes, vinte vezes; sou um perfeccionista, de modo que, para mim, era uma tortura escrever; ao mesmo tempo que era uma inclinação, era um suplício.
Fonte: RICCIARDI, Giovanni. Auto-retratos. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
"Escrevo à mão, retoco infinitas vezes, depois passo o manuscrito a uma datilógrafa. E, uma vez datilografado, o original ainda é submetido a revisões. Parturição penosa, como você vê... Salvo no caso do Abdias, Não costumo sentar-me à mesa, pacientemente, à espera do socorro das musas. Mesmo porque estas são umas vigaristas, impigem muito produto ordinário ao pobre do escritor. e não dão nada de graça. Meretrizes de luxo, arancam o couro e o cabelo do desventurado que se envolve com elas. Só pego da pena quando tenho, realmente, algo a dizer"
Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escrever 2. Porto Alegre:LP&M, 2008
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