"Acho que o processo é mais ou menos uniforme; é num mesmo esquema que eu escrevo todos os livros. Primeiro, tenho a idéia e vou explorando, mentalmente mesmo, durante todo o tempo, comendo, trabalhando; aquilo está me perseguindo e eu estou dando atenção, desenvolvendo mentalmente a história. Às vezes não vai longe e percebo que não vai dar muita coisa ali, então abandono. Pego outra vez e vou... Quando vai longe, já estou mais ou menos com os caminhos a seguir delineados na cabeça. Aí faço um roteiro, pego um papel com os pontinhos por onde tenho que passar e continuo pensando mais sobre o assunto. Quando acho que está maduro, sento para escrever e vou mais ou menos seguindo aquele roteiro. Evidentemente, às vezes, surge uma outra idéia que eu acho boa e que não estava prevista, então a incorporo. Às vezes, essas novas idéias fazem com que modifique o andamento; então vou adaptando por ali, abandono outros caminhos, sigo um novo, posso voltar mais adiante ou não. Em suma, está sempre em elaboração, mas preciso ter um ponto de partida que é uma idéia com os caminhos, como um rio: por onde ele passa eu vou atrás".
Fonte: RICCIARDI, Giovanni. Auto-retratos. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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