"É claro que todo escritor tem uma responsabilidade, não digo que com sua época, mas talvez consigo mesmo: a responsabilidade de escrever. Mas escrever o quê? Denúncias? Crítica social? Protestos? Palavras de ordem contra injustiças? Pode sim, se isso couber no texto mais amplo que ele está criando. Agora, reformar a sociedade ou o mundo, francamente, não me parece o papel do escritor de ficção, como é o meu caso. Para isso existem meios mais eficazes do que o livro, que leva muito tempo desde a elaboração intelectual até alcançar o público. É claro que toda arte, inclusive a literatura, pode conter críticas sociais, mas subjacentes; não como razão básica de ser; do contrário, deixa de ser arte para ser panfleto, que perde o valor quando as situações que ele critica estiverem consertadas, e eu acredito que as situações que nos aborrecem hoje serão consertadas".
Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escrever 2. Porto Alegre: LP&M, 2008.
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