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Como escreve?
Manoel de Barros

"Exploro os mistérios irracionais dentro de uma toca que chamo ‘lugar de ser inútil’. Exploro há 60 anos esses mistérios. Descubro memórias fósseis. Osso de urubu, etc. Faço escavações. Entro às 7 horas, saio ao meio-dia. Anoto coisas em pequenos cadernos de rascunho. Arrumo versos, frases, desenho bonecos. Leio a Bíblia, dicionários, às vezes percorro séculos para descobrir o primeiro esgar de uma palavra. E gosto de ouvir e ler Vozes da Origem. Gosto de coisas que começam assim: ‘Antigamente, o tatu era gente e namorou a mulher de outro homem’. Está no livro Vozes da Origem, da antropóloga Betty Midlin. Essas leituras me ajudam a explorar os mistérios irracionais. Não uso computador para escrever. Sou metido. Sempre acho que na ponta de meu lápis tem um nascimento.

Fonte: O Estado de S.Paulo, 03/08/1996 - José Castello

"Escrevo os meus poemas procurando o rumor das palavras mais do que o significado delas. Penso que rimo por dentro, e isso é coisa ínsita, não dá em madeira. Meu processo de escrever é ir desbastando a palavra até os seus murmúrios e ali encaixar o que tenho em mim de desencontros. Isso produz uma coisa original como um dia ser árvore. Trabalho à vezes dias inteiros para pescar um verso que fique em pé".

Fonte: RICCIARDI, Giovanni. Auto-retratos. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

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