"Lá pelas 9:30 começo a escrever e vou até 12:30. À tarde volto a escrever e trabalho até o final do dia. Não escrevo aos domingos nem feriados e à noite, leio. Meu sonho sempre foi trabalhar em casa mas depois de um certo tempo você acaba sentindo saudade de quando trabalhava fora, do drinque depois do serviço. Trabalho seguindo horários estabelecidos, com disciplina. Sempre há o que fazer. Se não estou escrevendo um livro, posso planificar uma história ou escrever uma crônica... Uso bastante diálogo. É o que empurra e explica a ação, conduz a narrativa com charme e elegância. E não pode ser inútil. As descrições não devem ser muito longas, embora existentes, para que não caiam no ciclismo do diálogo... Há uma coisa antes do livro que são os problemas pessoais da gente. A história nasce fundada em experiências pessoais e numa grande vontade de fazer. Isso depende da vontade do escritor. Conheci a noite e nunca quis ficar brincando com as palavras, usando a literatura como quebra-cabeças. Conto histórias que vivi... Um personagem sempre é fruto de diversos outros. Dificilmene é o recorte de um só, geralmente são sínteses. Já fiz um retrato de um só, mas são raros. O personagem tem que ser sempre retocado, tem que passar por uma maquiagem para depois entrar no livro, não pode entrar com o rosto lavado".
Fonte: Correo Braziliense, 11/01/1998 - Nahima Maciel
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