"Eu diria que é a necessidade do prazer. Uma vez, numa entrevista, eu disse que é uma espécie de doença o fato compulsório de escrever, que se houvesse um tratamento adequado específico, eu talvez entrasse nessa. É um vício que a gente arrasta por toda a vida, apesar dos conselhos médicos, e é muito mais insistente que o vício de fumar. Agora, escrever é sempre trabalhoso. A gente nunca aprende a escrever. Aprende alguns processos, pode se desinibir um pouco mais, mas sempre que nos sentamos diante de uma página em branco recomeçamos a aprender tudo de novo, porque as experiências são sempre novas e nunca se repetem, a não ser com algum tipo de escritor que se habitue aos mesmos processos e prossiga neles o resto da vida – o que não é o meu caso".

Fonte: FERREIRA, C.; VASCONCELLOS, J. (orgs.). Certas palavras. São Paulo: Estação Liberdade: Secretaria de Estado da Cultura, 1990