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Influências literárias
Pedro Nava

primeira biblioteca que tive em minhas mãos foi a do meu tio Antonio Sales, quando vim morar com ele aqui no Rio. Foi ele quem me iniciou, eu li uma porção de coisas que talvez os cearenses moços, como você, não tenham lido. O pessoal da “Padaria Espiritual”, por exemplo. Conheço quase toda a obra de Rodolfo Teófilo, inclusive os seus romances. Tudo isso eu li na biblioteca do Sales. E certos autores com quem ele privava, como Machado de Assis, que ele tinha como mestre. Li alguma coisa do Machado, que na época não me atraiu como viria a atrair depois, na idade madura. Gostei do Lima Barreto à primeira vista, foi o Sales quem me apresentou a ele. Conto isso num dos meus livros, o dia em que conheci Lima Barreto, ele muito bêbado, oscilante... Li também os ingleses, meu tio gostava muito da literatura inglesa. Quando saíamos juntos era fatal uma visita ao Garnier e ao Crashley, uma casa que vendia coisas da Inglaterra, desde comida, artigos de esporte, de toalete, até livros. Todos esses autores tiveram muita influência sobre mim. Depois é que caí na orgia da literatura francesa, principalmente de Anatole France ,que eu nunca repudiei. Porque tenho perguntado a amigos meus - feito o meu inquérito, sem parecer que estou fazendo – por que o Anatole tão mal visto hoje. Dizem que o recado que ele nos dá é o de não fazer nada, um recado pessimista, negativo. Nesse caso também não se deveria ler Machado de Assis, não é? E todo mundo lê. Eu acho que o Anatole é desses sujeitos que, quando voltam, vêm com força total.

Fonte: CAMINHA, Edmílson.Palavra de escritor. Brasília: Thesaurus, 1995.

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