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Religião
Norman Mailer

“Eu nasci judeu, me considero judeu e nunca irei me converter ao catolicismo, até porque estou muito velho agora (risos). Mas eu tenho algumas crenças religiosas. A principal é a de que Deus não é todo-poderoso, é existencial. Deus está fazendo, apenas fazendo o melhor que Ele, ou Ela, pode. Assim, Deus, por uma grande necessidade própria, precisava mandar Seu filho ao meio das pessoas para aprender melhor sobre elas. Essa idéia não é só minha: Jung também dizia que Deus criou tudo, mas precisava dos humanos para aprender mais. Sempre achei ofensiva a noção de que Deus está dirigindo todo mundo. Se Ele tem absoluto controle, o que estamos fazendo aqui? Dizem que ele nos oferece o livre-arbítrio, mas isso é non-sense. É como dizer a um ator: ‘Você pode improvisar nesta cena, mas siga o texto na outra’. Isso é reduzir Deus a um grande diretor de teatro. Minha idéia é a de que Deus tem uma visão da existência que Ele, ou Ela, tenta trazer ao universo, mas há muitas forças lá fora que se opõem. Neste sentido, a tentativa de ter um homem que pudesse trazer Deus mais perto dos homens e das mulheres falhou. O diabo venceu Deus. A crucificação de Cristo é uma derrota, mas é reinterpretada como vitória pela profunda poesia de Deus ao dizer que Seu Filho foi mandado aqui para nos salvar de nossos pecados, uma das idéias mais bonitas já entregues a nós. Mas não creio que foi esse o plano que Deus começou”.

 

Fonte: O Globo, 0/02/1998 – João Ximenes Braga   

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