Dramaturgo, romancista, contista e roteirista, nasceu na manhã de 16 de novembro de 1934 na freguesia de São Paio de Brunhais, concelho da Póvoa de Lanhoso. Bem no norte de Portugal, quase fronteira com a Espanha, entre neve, lobos e javalis. E contrabandistas, que ainda os havia naquele tempo. E os seus primeiros vagidos literários foram de poeta. Criminoso venial, felizmente, nunca publicou os versos em livro. Mas continuou matando letras a pau, primeiro com uma Olivetti Letera 22 e, depois, com um PC 386; hoje transformado numa velocíssima máquina que só não fala mirandês. Nem javanês. Formado pela General Idea University, com PhD em Miscellanea e outros badulaques, confessa que Eça de Queirós, Miguel Torga, Graciliano Ramos, Lima Barreto, Ernest Hemingway, Dashiell Hammett, Eugène Ionesco, Samuel Beckett e Albert Camus muito o influenciaram. Mas tem por certo que a vida foi a sua melhor professora. Malófobo inveterado, aterrou no Rio de Janeiro, no dia 21 de abril de 1958 com um lenço branco no bolso, um curso de Direito interrompido e uma cuca prestes a fundir-se. Não fundiu a cuca e também não pagou analista. Escreveu em jornais, começando pelo Portugal Democrático, levado por Adolfo Casais Monteiro, e andou pelo Teatro Tablado, com Maria Clara Machado e Napoleão Muniz Freire. Com Amir Haddad e Maria Helena Khünner, em 1965, fundou o TUCA-RIO (Teatro Universitário Carioca). Foi no espetáculo O Coronel de Macambira, dramatização do poema de Joaquim Cardozo, primeira montagem do grupo, que apareceram artistas do porte de Renata Sorrah e Roberto Bonfim, hoje grandes atores do teatro e da televisão brasileira. Saboreador de um bom cachimbo e de um bom conhaque, fumou cigarros por injunção e foi sócio honorário de todas as fontes magnesianas de Caxambu e arredores. Residiu em Belo Horizonte de 1980 a 2003, onde, em 1985, fundou e presidiu o Sindicato dos Escritores do Estado de Minas Gerais. Hoje, mora nos valados da Serra do Gerês. Em Portugal.
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