"A função do crítico, quando ele próprio se leva a sério, é uma das funções mais importantes da cultura de qualquer povo. O crítico é aquele indivíduo que está sempre com as antenas ligadas para o que acontece, comparando-o com o que já aconteceu. Daí, a sua função mediadora e de sentinela. Em outras palavras, o crítico é aquele artista que, embora não crie especificamente, dissemina a criação dos outros. É papel do crítico estudar profundamente a arte que se faz ao seu redor e separar o trigo do joio, mostrando defeitos e qualidades e incentivando todos aqueles que têm valor. Infelizmente estes conceitos são quase todos teóricos, pois, normalmente, os críticos, além de pouco entender da sua função, apresentam níveis culturais baixíssimos, o que os tornam pernósticos e presunçosos. E, o que é pior, perniciosos à própria cultura pela superficilidade dos conceitos emitidos. Quando a crítica é bem feita, como ajuda o artista! Entretanto, do jeito em que ela anda por aí, é o que se vê: louvações e mais louvações a tudo o que vem de fora, porque os releases já vêm prontos, é um esquecimento total a tudo o que se produz neste imenso Brasil, a não ser cana-de-açucar, que depois se destila e se toma nos bares da vida".
Fonte: SANTOS, Jorge Fernando dos Santos. O longo tempo de Cunha de Leiradella. Suplemento Literário do Minas Gerais, 17/10/1987
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