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ENTREVISTA SIMULTÂNEA

João Felicio dos Santos

Nasceu na comarca de Mendes, Estado do Rio de Janeiro, em 14/03/ 1911. Jornalista, publicitário e funcionário público federal. Topógrafo de profissão, ingressou no Ministério de Viação e Obras Públicas em 1932. Viajou várias vezes pelo país a serviço do governo e também por conta própria, com o intuito de conhecer a história e os costumes nacionais. Sobreviveu a três naufrágios, um duelo, uma queda em poço de elevador e à morte do filho, jovem oficial da FAB que desapareceu com avião e tudo numa tempestade, na Serra do Mar. Sua estréia na literatura ocorreu em 1934, com o livro de poemas Palmeira-real. Em 1956, lançou o infantil João Bola. Só depois de ouvir o ponto de vista de personagens comuns sobre importantes capítulos da história nordestina foi que se sentiu apto a escrever livros como João Abade (1958), sobre a guerra de Canudos, e Major Calabar (1960), no qual desenha um rigoroso retrato da invasão holandesa em Pernambuco. Esse livro veio a público muito antes do musical de Chico Buarque e Ruy Guerra, Calabar - O Elogio da Traição, que seria vetado pela censura federal. O pioneirismo em abordar temas polêmicos foi uma das principais características do autor. Outro exemplo disso é o romance Carlota Joaquina - A Rainha Devassa, publicado em 1968 (relançado em 2008 pela José Olympio), antecipando em décadas o filme de Carla Camurati. Já Ganga-Zumba antecedeu o famoso espetáculo Arena conta Zumbi, de Giafrancesco Guarnieri e Augusto Boal. A Guerrilheira - O Romance da Vida de Anita Garibaldi antecedeu em muitos anos o livro e a minissérie A Casa das Sete Mulheres, da Rede Globo. O escritor integrou os quadros da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e foi amigo pessoal do ex-presidente Juscelino Kubitschek, quando este já vivia no ostracismo, com os direitos políticos cassados. Ele mesmo seria enquadrado no AI-5, acusado de subversão devido ao ponto de vista de sua obra e aos elogios que recebia do Partido Comunista (PC). Outra perseguição vinha de catedráticos de história, que não perdoavam no autor a ousadia de misturar história e ficção, dando preferência ao discurso dos excluídos. Sua verve literária, marcada pela pesquisa e pelo texto de estilo fluente, permitiu-lhe lançar luzes sobre capítulos obscuros da vida brasileira com estilo que lembra o dos grandes clássicos. Morreu aos 78 anos, no Rio, deixando mulher, filha e o romance inédito Rotas de Além-Mar. Além de Xica da Silva, que graças ao cinema se tornou a obra mais popular de João Felício dos Santos, A Editora José Olympio planeja reeditar outros romances que João Felício publicou pela Civilização Brasileira. Oito deles foram também editados pelo então prestigioso Círculo do Livro, que vendia em domicílio o melhor da literatura universal. Ganga-Zumba, considerado seu grande clássico, ganhou edição de bolso pela Ediouro, com ilustrações do artista plástico Caribé. Seu último livro publicado, Margueira Amarga, foi ilustrado por Poty. Faleceu em 1989.

Prossiga na entrevista:

Por que escreve?

Como escreve?

História
Relações Literárias