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Relações Literárias
JOÃO FELÍCIO DOS SANTOS

por Antonio Olinto:
"A marca muito brasileira de seu modo de ser escritor está em tudo: nos substantivos inesperados, nos gerúndios jogados de repente no meio das frases, na falta de artigos, na precisão das palavras todas... Com essa linguagem de chispas, de forças mostradas, chega João Felício dos Santos a um extraordinário efeito ficcional que é o de realçar os traços de suas figuras."

Fonte:

por Cacá Diegues

"João Felício dos Santos foi, no Brasil, um precursor da ficção histórica, do romance baseado em fatos reais. Sempre procurou abordar a história dos esquecidos, daqueles que foram excluídos à força pelos vencedores. Não sei de outro escritor brasileiro que tivesse um tão vasto conhecimento das coisas do país, não só na forma de sua cultura popular, como também na erudição de sua história... Ele escreveu de uma forma peculiar, numa espécie de língua brasileira que articulava de maneira muito pessoal e popular, a igual distância de Jorge Amado e Guimarães Rosa... Xica da Silva foi e continua sendo um de meus filmes mais populares. A idéia de fazê-lo estava muito ligada ao momento que vivíamos, de certa abertura política na ditadura militar, um momento que nos dava muita esperança de dias melhores e mais democráticos. Pedi a João Felício dos Santos que escrevesse o roteiro comigo, não podia abrir mão de sua participação na escritura dele. Para mantê-lo a meu lado nas filmagens, inventamos o personagem do pároco, que ele interpretou de maneira graciosa... Este é um caso raro de um filme que deu origem a um livro. As novas gerações precisam conhecer esse grande brasileiro, esse grande escritor. O leitores de hoje vão se surpreender com a atualidade de sua literatura."

Fonte: O Estado de Minas, 03/03/2007 - Jorge Fernando dos Santos

por Cunha de Leiradella
"O que tenho a dizer sobre esse grande entre os grandes escritores brasileiros cabe numa rima: verdade X saudade. Com ele aprendi que a verdade do artista é muito mais importante do que a fama do artista. João Felício dos Santos foi um dos seres mais humanos, mas verdadeiros e mais puros que conheci. Como escritor, foi um dos maiores. Nunca o vi escrever para o aqui e para o agora. Felício escreveu para o depois. Para o tempo onde apenas os grandes têm lugar."

Fonte: O Estado de Minas, 03/03/2007 - Jorge Fernando dos Santos

por João Antonio

"Autores como João Felício dos Santos e Geraldo Ferraz têm sido aviltados do ponto de vista econômico e também de natureza das suas obras, modificadas arbitrariamente pelos cineastas... O que nós precisamos também é terminar com a mistificação do cineasta no Brasil que, devido ao poder de badalação do cinema, acaba se tornando mais importante do que o autor do argumento. Quem é que sabe quem é João Felício dos Santos, autor fundamental de Chica da Silva? E alguém ficocu sabendo, depois do filme exibido, quem é ele?  O autor brasileiro continua sendo um pasto de piratas, oficiais e particulares".

Fonte: STEEN, Edla van. Viver & escrevever 1 Porto Alegre: LP&M, 2008.

por Joel Rufino dos Santos
"(Xica da Silva) é o que a literatura pode fazer com a história: torná-la viva, interessante para os homens de qualquer lugar e de qualquer tempo. Com os poderes de sua arte, sem falsear a verdade histórica, apenas lhe acrescentando vida, o romancista (João Felício dos Santos) torna a personagem fascinante, comovedora - quase uma Pombagira."

Fonte: SANTOS, João Felício dos. Xica da Silva. 3ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007.

por Jorge Fernando dos Santos
"Na década de 1960, quando a maioria dos leitores brasileiros sequer tinha ouvido falar no norte-americano Gore Vidal, João Felício dos Santos já se dedicava a escrever romances históricos nos quais reconstruía a trajetória de personagens marginalizados pela história oficial do país Ganga Zumba, por exemplo, foi lançado em 1964, premiado pela Academia Brasileira de Letras e adaptado para o cinema por Cacá Diegues. O livro narra a saga de Zumbi dos Palmares e inclui um glossário com palavras de origem africana. O curioso é que, mesmo com a preocupação oficial em reconhecer a importância da contribuição negra na cultura brasileira, quase ninguém se lembrava mais de João Felício dos Santos, morto em 13 de junho de 1989. Sua obra abriu caminho nesse sentido e só agora, em 2007, depois de demorada ausência nas livrarias, começa a ser reeditada pela José Olympio Editora."

Fonte: O Estado de Minas, 03/03/2007 - Jorge Fernando dos Santos

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