"Eu considero que tudo que escrevo é literatura. Em um roteiro, tenho o mesmo cuidado na linguagem, na construção que num romance. Acredito que tudo o que escrevo é uma questão literária, mesmo minhas obsessões que inspiram os roteiros de filmes... Roteiro cinematográfico é um gênero mais que literário. Considero um trabalho autoral. Não desenvolvo idéias alheias nem faço pesquisas. Quem lê meus romances pode perfeitamente entender o que pretendo com Amores brutos, 21 gramas, Babel e Três enterros... Não (escrever roteiros não alterou minha relação com a literatura), ao contrário, foi a literatura que alterou minha relação com o cinema. Eu sempre busco, nos roteiros, uma qualidade literária. Ou seja, utilizo critérios similares de estilo literário, como cuidar da linguagem e da construção de uma estrutura narrativa. Se você analisar tudo que escrevi para o cinema, perceberá a existência de uma construção de romance. Mas adianto que não emprego a gramática do cinema em romances e contos".
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/05/2007 - Ubiratan Brasil
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